O jornal britânico The Guardian afirmou que a queda do ministro Romero Jucá e a revelação de uma “trama maquiavélica” para derrubar o governo Dilma Rousseff abalaram a credibilidade do governo de Michel Temer.
“A credibilidade do governo interino foi abalada na segunda-feira quando um ministro foi forçado a se afastar em meio a revelações sobre a trama maquiávelica para levar ao impeachment da presidente Dilma Rousseff”.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), se afastou na segunda-feira após a Folha de S.Paulo divulgar áudios em que ele diz que a mudança de governo poderia “estancar a sangria” da Lava Jato.
O Guardian diz que “as motivações dúbias e natureza maquiavélica da trama para retirar Dilma Rousseff do poder ficam aparentes na transcrição da conversa”.
Afirma ainda que este não deve ser o “último golpe” contra Michel Temer, já que seu gabinete inclui “sete ministros implicados na Lava Jato.”
A publicação afirma ainda que o governo interino, até o momento, mostrou “poucos sinais de reduzir a tensão e restaurar a credibilidade” no país.
“Seu gabinete todo branco e todo masculino foi duramente criticado por não ser representativo do país, suas medidas de austeridade são impopulares e seu líder já voltou atrás da decisão de tirar da Cultura o status de ministério após protestos de artistas, músicos e cineastas.”
Economia
O Financial Times, principal jornal de economia e finanças da Grã-Bretanha, também disse que a saída de Jucá pode prejudicar o governo Temer, “bem quando ele está tentando lançar um plano econômico ambicioso que visa equilibrar as contas do Brasil e lançar as bases para uma recuperação econômica.”
Segundo analistas ouvidos pelo jornal, porém, a decisão de Jucá de se afastar rapidamente pode “limitar os danos políticos” da crise.
Já o americano The New York Times disse que as “transcrições sugerem um plano por trás do esforço de afastar a presidente do Brasil”.
“O presidente interino do Brasil, Michel Temer, sofreu um grande revés em sua campanha para ‘conquistar’ o país” com o surgimento de gravações que sugerem “que um de seus ministros tramou para parar a investigação na Petrobras ao buscar o impeachment de Dilma Rousseff.”
O jornal diz que Temer substituiu todos os ministros para “ganhar a confiança dos brasileiros e dos investidores”, mas que mesmo assim nomeou ministros já implicados nas investigações de corrupção.
Segundo a reportagem, as novas acusações devem “levantar mais questões sobre os motivos por trás do ímpeto de promover o impeachment de Dilma”.
Também poderiam, segundo o jornal, aumentar o escrutínio sobre outros ministros que enfrentam problemas legais.