Depois de dois dias de discussões, os líderes dos países mais ricos do mundo e de alguns emergentes, que integram o G20, concluíram no último domingo, 27, a declaração final da cúpula. O esforço foi para indicar à comunidade internacional que uma série de medidas deve ser adotada como prevenção às crises financeiras.
A ordem é buscar a recuperação econômica. No entanto, não há especificações nem detalhamento. O tom foi de recomendação.
Houve uma tentativa de contemplar a todos – países ricos e emergentes. O item mais controvertido foi a redução do déficit pela metade até 2013, medida da qual o Brasil discordava por considerar ousada demais. A orientação incluiu para isso todos os países, com exceção do Japão.
Em 27 páginas, com três anexos, o G20 traça uma série de metas e orientações que devem ser seguidas como princípio pelos países. A consolidação dessas medidas, porém, só deverá ocorrer depois da reunião do grupo em Seul, na Coreia do Sul, em novembro.
“O G20 tem como maior prioridade garantir e fortalecer a recuperação e lançar as bases para um crescimento forte, sustentável e equilibrado, incluindo o fortalecimento do nosso sistema financeiro contra os riscos”, diz o documento.
A busca pelo tom equilibrado ressalta a necessidade de que todos contribuam com os planos de estímulo, fortalecimento e apoio para a recuperação econômica mundial. As “recuperações econômicas” são destacadas repetidas vezes.
Os emergentes, inclusive o Brasil, conseguiram anexar um item no documento sobre a reforma das instituições financeiras internacionais – no caso o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Não há uma fixação de datas nem prazos. Mas o tema foi definido como a “ser concluído”.
“Um número de membros do G20 aceitou formalmente promover as reformas”, diz a declaração final. “Outros participantes irão completar o processo de aceitação na próxima reunião [do G20] com os ministros da área econômica e presidentes dos bancos centrais. Apelamos a todos os participantes que façam o mesmo”, acrescenta o documento.
O comunicado destaca os esforços da comunidade europeia para combater os efeitos da crise financeira, que atingiu principalmente a Grécia, Espanha e Portugal. É mencionada indiretamente a China por ter valorizado o yuan (moeda chinesa), que até então era criticada por manter de forma irreal a baixa valorização da moeda para beneficiar a indústria do país e prejudicar as demais.
Os Estados Unidos conseguiram adiar, mais uma vez, os debates sobre o fim do protecionismo. O presidente norte-americano, Barack Obama, reconheceu ter dificuldades internas para promover o debate sobre a liberalização do comércio. Por essa razão, houve apenas uma citação à disposição de retomar as discussões.
“Por isso, reiteramos o nosso apoio para levar a Rodada Doha na busca por uma conclusão equilibrada e ambiciosa, logo que possível”, informa o comunicado. Instruímos nossos representantes que utilizem todas as vias de negociação para alcançar esse objetivo”, conclui o documento.