Pouco mais de dez artesãos passam a ocupar, a partir de hoje, quatro bicicletários públicos. As unidades passaram por reformas e estão localizadas na avenida São Paulo; Largo do Rosário; Praça Carlos de Campos e Jardim Ipiranga. Os módulos são os mesmos que estavam ociosos, conforme noticiou o Cruzeiro do Sul na semana passada. A medida, de acordo com a presidente do Fundo Social de Solidariedade (FSS) e primeira-dama do Município, Maria Inês Moron Pannunzio, será tomada em caráter experimental e foi anunciada segunda-feira durante reunião da qual participaram cerca de 30 trabalhadores.
A proposta, segundo Maria Inês, atende nova orientação de oferecer melhores condições de trabalho aos artesãos. Com isso, eles deixariam gradativamente a Praça Frei Baraúna, onde estão estabelecidos há mais de 25 anos. Até por isso, a iniciativa foi recebida com reservas pelos participantes do encontro.
No mês passado, durante audiência pública realizada na Câmara a requerimento do vereador Rodrigo Manga (PP), o assunto foi discutido em meio a críticas. Os profissionais não se sentem seguros de deixar o ponto onde hoje se encontram. Uma nova audiência será realizada agora no dia 3 de junho, às 15h, a pedido do mesmo parlamentar, com a presença confirmada da primeira-dama para dar sequência ao debate.
Segunda-feira, Maria Inês informou aos artesãos que o município pretende utilizar a área do Mosteiro de São Bento, nas imediações da Praça Frei Baraúna, e ali instalar um Centro Cultural do Artesanato. O empreendimento contaria com área para alimentação e seria todo redimensionado, mas esbarra no parecer contrário do Conselho do Patrimônio Histórico.
Além disso, as tratativas com a administração do Mosteiro ainda precisam ser concluídas. “Temos um projeto que vamos trabalhar para colocar em prática e que beneficiará a todos”, disse a titular do FSS. Maria Inês insistiu que ninguém será obrigado a mudar ou aderir à nova realidade.
Mesmo assim, foi questionada sobre a permanência dos trabalhadores na praça. Respondeu que o local é um jardim, mas os artesãos insistiram que ali estão melhor instalados e que precisam de mais segurança para poderem desenvolver suas atividades. Outra proposta colocada foi a de utilização aos domingos da Praça Cel. Fernando Prestes.
Os artesãos argumentaram que o dia não seria apropriado e reivindicaram que a feira funcione aos sábados. Maria Inês disse que não há como isto ocorrer, já que os comerciantes da região central não aprovam a concorrência. Mesmo aos domingos, ainda conforme a primeira-dama, algumas providências precisariam ser tomadas como respeitar e não interferir no andamento das missas celebradas na Igreja Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Ponte.
Os artesãos calculam que uma possível mudança poderá resultar na queda do faturamento e do volume de vendas em proporção de até 80%. No encontro de ontem, alguns trabalhadores disseram que ouvem dos colegas reclamações de que na Praça Frei Baraúna não alcançam a expectativa de vendas considerada ideal.
“Não é verdade”, rebateu Maria de Fátima Lima Piccolo, presidente de uma das duas associações que representa a categoria. “Muita gente aqui, aliás a maioria, vive exclusivamente da feira. Talvez uns poucos não vendam o que gostariam de vender, mas, mesmo com tantas dificuldades, nós dependemos da Praça Frei Baraúna que é um ponto comercial estratégico muito melhor”.
Dia das Mães
Enquanto aguardam o encaminhamento do caso, artesãos realizam até sábado, das 9h às 21h, na Praça Frei Baraúna, a feira do Dia das Mães. Cerca de 90 expositores estarão comercializando artesanato e desenvolvendo promoções, como sorteio de brindes.
As presidentes das duas associações que representam a categoria, Maria de Fátima Lima Piccolo e Virgínia Oliveira, disseram que os consumidores disporão de gama variada de produtos feitos por artistas locais. “Temos um ótimo potencial a ser trabalhado e esperamos continuar trabalhando”, afirmaram.