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Crime na internet

Movimento de mulheres repudia ameaça de morte contra dirigente do MST

A Marcha Mundial das Mulheres lança nota de apoio ao líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que recebeu ameaça em ação criminosa divulgada pela rede social Facebook

Imprensa SMetal

A Marcha Mundial das Mulheres lança nota de apoio ao líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que recebeu ameaça em ação criminosa divulgada pela rede social Facebook.

Confira abaixo a nota da Marcha Mundial das Mulheres

Recebemos, indignadas, a notícia de que havia um cartaz incitando o assassinato de João Pedro Stedile nas redes sociais.

Temos vivenciado dias em que a arbitrariedade e difamação tentam construir à base de mentiras o ódio e ojeriza por todas aquelas e aqueles que lutam por um mundo sem classe e sem preconceitos.

Acreditamos que a classe trabalhadora saberá separar as mentiras criadas para criminalizar os movimentos sociais e que não compactuará com crimes, especialmente dessa natureza.

Somos solidárias aos que resistem e lutam bravamente contra a ganância do capital, e nesse momento com o companheiro João Pedro Stedile.

Exigimos que a mídia antidemocrática cesse imediatamente a incitação ao ódio e ao conflito.

Exigimos que os órgãos competentes atuem rapidamente para punir os autores, bem como os que compartilham tal campanha, pois entendemos que são igualmente cúmplices dessa violência, e que garanta a segurança de João Pedro.

Toda solidariedade da Marcha Mundial das Mulheres ao João Pedro e ao MST!
Abaixo reproduzimos na integra à nota do MST

Em Marcha até que todas sejamos livres!
Marcha Mundial das Mulheres
Março/2015

Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé (RJ). E foi, imediatamente, reproduzida pela maioria das redes sociais que diariamente destilam ódio contra os movimentos populares, migrantes, petistas e agora, especialmente, contra a presidenta Dilma Rousseff. São as mesmas redes sociais, em sua maioria, que estão chamando a população para os atos do dia 15/3, para exigir a saída de Dilma do cargo de Presidenta da República, eleita legitimamente em 2014.

Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.

Mas o panfleto é apenas um reflexo dos setores da elite brasileira que estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar o governo e retomar o poder, de onde foram afastados com a vitória petista nas urnas em 2002.

Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de eleger seus governantes.

Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a conivência da mídia conservadora e antidemocrática. Usam a retórica do combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também diziam ser.

São os mesmo que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990.

O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo em que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja.

Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos.

Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stedile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais antissociais e incivilizatórios.

Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política rasteira, os seus que os antecederam.

Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas. Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham.

Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e igualitário.

A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto às de enfrentar o desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados pelo monopólio da comunicação existente no país.

Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o país é lutar pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz criminoso.

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
São Paulo, 12 de março de 2015

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