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Governo tucano

Professores do Paraná mantêm greve até governo Richa cumprir acordo

Estado manteve sem definição temas importantes da organização escolar,como distribuição das turmas e de aulas entre professores. Movimento mantém coesão, depois de um mês de paralisação

Rede Brasil Atual/Ricardo Gozzi
GUSTAVO H. VIDAL/ARQUIVO PESSOAL

Estádio lotou para assembleia dos professores paranaenses, que exigem cumprimento da parte do acordo que cabe a Beto Richa

Os professores da rede pública estadual do Paraná decidiram em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira, dia 4, em Curitiba pela manutenção da greve deflagrada há praticamente um mês em protesto contra as medidas de cortes de gastos apresentadas recentemente pelo governador tucano Beto Richa, com impactos diretos sobre qualidade da educação no Estado, além de reduzir conquistas históricas dos educadores locais.

Em reunião do comando de greve ocorrida na noite de ontem, os dirigentes da APP Sindicato, entidade que representa os professores estaduais do Paraná, consideraram que diversas reivindicações referentes à organização escolar aceitas pelo governo na semana passada não foram atendidas.

“Nós fizemos uma avaliação ontem, com o comando estadual de greve, com mais de 200 pessoas reunidas e decidimos pela continuidade da greve porque entendemos que o governo não pode fechar as portas, não pode entregar isso na mão do judiciário, tem que vir discutir os pontos pendentes. A organização escolar ainda não está suficiente. Queremos que todas as condições efetivas para trabalhar esteja adequadas”, explicou a secretária de Finanças da APP Sindicato, Marlei Fernandes.

Na semana passada, representantes do governo Beto Richa haviam prometido deixar tudo pronto para que as aulas pudessem ter sido retomadas na última segunda-feira, dia 2. Apesar disso, aspectos administrativos importantes, como a redistribuição das aulas e o número de turmas, ainda seguem indefinidos.

No fim de semana, o governo de Richa obteve, em caráter liminar, uma decisão judicial que obrigaria a retomada das aulas para os alunos do terceiro ano do ensino médio. A direção da APP Sindicato comprometeu-se acatar a decisão, mas o atraso na implementação da organização escolar por parte do próprio governo do estado – o que inclui, por exemplo a distribuição das aulas entre os professores – impediu o cumprimento efetivo da medida.

Mobilizações

Com a continuidade da greve, os professores que desde o início de fevereiro ocupam o Centro Cívico prometem manter o acampamento de protesto no coração do poder político do Estado.

Antes da votação, o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão, abriu espaço para qualquer presente que tivesse uma proposta alternativa à continuidade da greve. “Se alguém tiver alguma proposta, pode vir aqui sem constrangimento, pois este é um espaço democrático”, convocou. No entanto, nenhum presente se manifestou.

O comando do sindicato também levou a votação uma proposta para que a assembleia seja mantida em estado permanente. Com a medida, a APP Sindicato pode reinstalar a assembleia com aviso prévio de 24 horas. Normalmente, o prazo é de 48 horas. A proposta também foi aceita pelos professores em greve.

Com relação ao fato de o governo Beto Richa ter recorrido à Justiça em busca de uma declaração de ilegalidade ou abusividade da greve, os dirigentes da APP Sindicato decidiram pedir a realização de uma audiência de conciliação com o governo para solucionar o impasse.

Depois da assembleia realizada pela manhã, os professores paranaenses saíram em passeata até a Assembleia Legislativa (Alep), onde será votada ainda hoje a extinção da comissão geral. A comissão geral é o dispositivo regimental que possibilitou durante os últimos anos a implementação do chamado “tratoraço”, por meio do qual o Executivo impôs ao Legislativo paranaense uma série de medidas com pouco ou nenhum debate com a sociedade. Na avaliação de Hermes Leão, a extinção da comissão geral, caso se confirme, será mais uma vitória da mobilização dos professores.

Popular

Em clima festivo e pacífico, milhares de professores lotaram as arquibancadas do estádio Durival de Britto, pertencente ao Paraná Clube, para a assembleia que definiu os rumos do movimento da categoria. “Só vi a Vila lotada assim em jogos contra o Corinthians”, brincou o deputado estadual Tadeu Veneri (PT) ao olhar para as arquibancadas do estádio, também conhecido como Vila Capanema.

A continuidade da greve reflete de certo modo a vontade da opinião pública paranaense. Sondagem encomendada pelo jornal curitibano Gazeta do Povo ao instituto Paraná Pesquisas e divulgada no fim da noite de ontem mostrou que 90% dos entrevistados que se diziam informados sobre a greve apoiavam as reivindicações dos professores. Ao mesmo tempo, 80% dos entrevistados apoiaram a ocupação da Assembleia, em 10 de fevereiro.

Ao mesmo tempo, o índice de desaprovação à administração do tucano bateu 76%. Em dezembro, 65% dos paranaenses aprovavam Richa, segundo o Paraná Pesquisas. Em outubro do ano passado, o tucano foi reeleito governador em primeiro turno, com 55% dos votos válidos.

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