A expectativa de que haveria forte queda na geração de empregos, no mês de janeiro, em função da crise econômica que vive o País, acabou não se confirmando em Sorocaba. De acordo com números divulgados na sexta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por intermédio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) as contratações e dispensas ocorridas em janeiro se mantiveram estáveis, com pequena queda de 0,13%. No primeiro mês do ano, foram registradas 8.088 contratações contra 8.340 demissões, resultado no fechamento de 252 vagas no mercado de trabalho sorocabano.
Por setor, a indústria segue a tendência de redução do número de colaboradores, já que abriu 1.401 vagas e fechou 1.483, diferença de 82 vagas. Nos últimos 12 meses, a queda se mostra mais acentuada, com o fechamento de 2.206 postos de trabalho, variação negativa de 3,32%.
O comércio teve 2.071 admissões e 2.471 demissões, apresentando variação negativa de 400 empregos.
Embora tenha apresentado a maior retração na geração de emprego nos últimos 12 meses, acumulando saldo negativo de 611 vagas, a Construção Civil voltou a reagir. Em janeiro, o segmento contratou 783 trabalhadores e desligou outros 762, gerando saldo positivo de 21 colaboradores contratados.
Segue em alta
O saldo negativo do número de empregos em Sorocaba só não foi maior nos últimos 12 meses porque o setor de serviços garantiu a estabilidade ao abrir 2.942 vagas no período. No mês de janeiro, considerado ruim para a economia, o segmento manteve a série de resultados positivos: contratou 3.791 pessoas, dispensou 3.565 e fechou com saldo de 226 vagas abertas.
Podia ser pior
Os números divulgados pelo Caged, mesmo indicando baixas em alguns setores, acabaram surpreendendo positivamente alguns especialistas. Para eles, apesar de não haver grandes perspectivas para o futuro próximo, a estabilidade na geração de emprego é positiva, principalmente porque os números são relativos à janeiro, mês em que normalmente há queda na geração de emprego.
Para o professor da Universidade de Sorocaba e também da Fatec, Marcos Canhada, diante do cenário econômico nacional os dados não são ruins. “Sorocaba tem mostrado força para conviver com a crise. Isso acontece por conta da infraestrutura montada recentemente, com investimentos em universidades e capacitação de mão de obra”, afirma Canhada, que aproveita para fazer um alerta: “Isso não significa que estamos blindados. É necessário continuar apostando no desenvolvimento para manter essa condição melhor de enfrentamento de crises”.
Em relação ao setor da Construção Civil, Canhada não se ilude com o pequeno saldo positivo de janeiro. “Creio que será mantida a tendência de queda, já que os grandes empreendimentos em Sorocaba foram concluídos e os investidores estão cautelosos. O mercado precisa de sinalizações positivas com melhoria da política econômica para voltar a investir”, diz.
O professor ainda credita a redução de vagas no comércio à dispensa dos contratados temporários e o crescimento do setor de serviços ao empreendedorismo. “Serviços é um setor que requer baixo investimento e, por isso, muitos colaboradores que deixam a indústria, migram para esse segmento. A dica é se preparar bem para enfrentar o mercado, que é bastante competitivo”, complementa Canhada.
Já o professor e economista Flávio Fávero afirma que os números indicam que Sorocaba está na contramão do restante do País. “Por incrível que pareça, temos motivo para comemorar. O País não cresceu no ano passado e mesmo assim conseguimos manter a estabilidade na geração de empregos. O que me preocupa bastante é que tenho conversado com vários representantes sindicais e eles acreditam que não está acontecendo nada. Que está tudo certo”, alertou o economista.
Metalúrgicos aguardam balanço
Sobre os números divulgados pelo Ministério do Trabalho, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região informou que nos próximos dias terá em mãos o balanço de empregos referente à categoria metalúrgica especificamente, independente do total da indústria de transformação, que inclui outros segmentos, como químicos, por exemplo. O sindicato considera que com os números em mãos poderá analisar com mais propriedade o comportamento do mercado de trabalho da categoria.
O representante do metalúrgicos, porém, afirma que há uma tendência de melhora no setor, com mais produção, manutenção de postos de trabalho e até criação de mais empregos em alguns setores nos próximos meses.
“Em 2014, o Brasil teve redução de postos de trabalho em vários setores da economia em grande parte motivado por tensões eleitorais. Mas há sinais de recuperação. Em janeiro deste ano, o setor metalúrgico brasileiro teve um saldo positivo de aproximadamente 9 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese”, comentou o vice-presidente, Tiago Almeida do Nascimento. “No caso dos metalúrgicos da região de Sorocaba, nem mesmo em 2014 chegamos a ter um encolhimento da categoria. Há vários anos nossa categoria é formada por cerca de 45 mil trabalhadores; e esse número se manteve no ano passado e nos primeiros dois meses de 2015”, completou.
O sindicalista afirma que houve um número expressivo de demissões em algumas indústrias de autopeças no ano passado. Mas esses postos de trabalho foram absorvidos por outros setores do ramo metalúrgico, como o de eletroeletrônicos, que contratou novos trabalhadores no período.
“Para este ano, as perspectivas são mais positivas inclusive no setor automotivo local. A Toyota, por exemplo, já anunciou a contratação de pelo menos 400 trabalhadores nos próximos meses”, lembra. “Nosso Sindicato também tem conseguido negociar acordos para evitar demissões em algumas empresas, que tiveram redução temporária no volume de produção. É o caso da CNH/Case, que prevê um ligeira queda na venda de máquinas agrícolas e por isso assinou, recentemente, um acordo sindical para reduzir a jornada de trabalho e manter empregos”, finalizou. (A.L.)