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Alerta

Casos de dengue em Sorocaba chegam a 4 mil

Apenas na última semana foram registradas 1.606 novas ocorrências, um crescimento de quase 70%

Jornal Cruzeiro do Sul
PEDRO NEGRÃO/JCS

Secretário da Saúde, Francisco Antonio Fernandes, e a coordenadora da Vigilância, Daniela Valentin dos Santos

Subiu de 2.424 para 4.030 o número de casos confirmados de dengue em Sorocaba, conforme anunciado na última quarta-feira, dia 25, em coletiva pelo secretário de Saúde do município, Francisco Antonio Fernandes. O aumento registrado no intervalo de uma semana, data do último boletim, foi de 1.606 novas ocorrências, ou seja, quase 70% a mais. Se for mantida essa taxa de crescimento geométrico, calcula-se que 60 mil sorocabanos (o equivalente a 10% da população) poderão estar infectados até o mês de junho. “Esse seria o cenário”, disse Fernandes.

Os números também colocam a cidade como a primeira em registros da doença entre as que têm entre 500 mil e 1 milhão de habitantes. Esse mapeamento, como explicou na mesma oportunidade a coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município, Daniela Valentin dos Santos, é feito pelo Ministério da Saúde.

Excepcionalmente nesta semana, o Boletim Epidemiológico da Dengue e Chikungunya não foi publicado em razão de problemas de exportação de dados no site do DataSUS. O Ministério da Saúde informou que está trabalhando para a solução do problema.
Desta maneira, segundo nota do Serviço de Comunicação do Paço, não foi possível dividir os casos confirmados por regiões das áreas de abrangências das 31 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade (como é feito usualmente) e nem separá-los por autóctones e importados. A Vigilância em Saúde da SES acredita que o boletim volte a ser publicado semanalmente na próxima semana.
Ainda de acordo com os dados, em todo o País o total de ocorrências cresceu, no mesmo período, de 50,9 mil para 67 mil; na região de Sorocaba, de 22,6 mil para 38,2 mil, e no Estado de 17,6 mil para 30,5 mil. Desde o começo do ano cerca de 120 pessoas foram internadas para tratamento. Atualmente, 30 estão hospitalizadas.

Até o momento seis pessoas morreram (até a semana passada eram 5 os óbitos) na cidade, mas apenas um caso foi confirmado como tendo sido determinado pela dengue. Os demais são considerados suspeitos, já que aguardam resultado de análise pelo Instituto Adolfo Lutz. Apesar da gravidade do quadro, o governo municipal descartou a possibilidade de mudar o estado de emergência, atualmente em vigor, para o de calamidade pública.

Durante a entrevista, o secretário voltou a apelar para que a população contribua e evite acumular lixo. Saldo do “Dia D”, ação realizada no sábado, resultou na coleta de 300 toneladas de materiais inservíveis das residências visitadas por funcionários da Prefeitura. Diante desse quadro, o governo municipal deverá adotar medidas como tornar as coletas de lixo mais frequentes, insistir na conscientização (quase 500 mil panfletos serão distribuídos com alertas e cuidados), promover arrastões e nebulizações nos pontos onde a incidência de casos é maior e ampliar o canal de comunicação pelo serviço telefônico 156, no qual será possível esclarecer dúvidas e informar sobre a existência de possíveis focos.

Em resposta a questionamento do Cruzeiro do Sul o secretário negou que exista relação entre o avanço da doença e a tomada de medidas relacionadas à gestão do lixo na cidade, entre as quais a retirada dos contêineres e o fim do programa Cata-Treco. Conforme Francisco Fernandes a ação não terminou. “Ela continua, mas dentro de outra periodicidade”, esclareceu.
Em relação aos contêineres admitiu que os equipamentos poderiam ajudar, mas negou que a remoção tenha determinado a situação hoje observada. Mesmo assim, a Secretaria da Administração deverá providenciar a compra de recipientes para atender a demanda (a quantidade e o prazo para que isto aconteça não foram revelados).

Fernandes também falou que o município trabalha desde o segundo semestre do ano passado ações de combate ao problema. Ele respondeu à pergunta sobre a postura de governos que, segundo avaliação de especialistas, em razão da estiagem do ano passado, teriam “se esquecido do mosquito”, já que o tempo seco não favorece a proliferação do inseto. Segundo ele, Sorocaba fez a lição de casa.

Combate ao mosquito tem agenda definida

Ainda durante a coletiva concedida, a Secretaria da Saúde anunciou conjunto de medidas, destacando a nebulização com inseticida que a Divisão de Zoonoses da SES, em parceria com a Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (Sucen) já realiza com novos equipamentos adquiridos e que funcionam acoplados em caminhonetes. As ações ocorrem sempre das 19h às 22h, desde que não haja chuva ou ventos fortes nos horários programados.

A orientação da Zoonoses para os moradores dos bairros que recebem a ação de nebulização é que as residências devem estar com as portas e janelas abertas para que o produto adentre as casas e produza o efeito necessário. Caso haja recém-nascidos, pessoas alérgicas e/ou acamados que não puderem sair de suas residências, os mesmos devem permanecer em cômodos fechados por um período de 40 minutos após a nebulização.

O cronograma prevê que hoje o Central Parque receberá as equipes que executarão os serviços. Amanhã, a atividade estará concentrada no bairro Parada do Alto; segunda-feira, dia 2, a quarta-feira, dia 4, no Nova Sorocaba e Nova Esperança; na quinta, dia 5, no Central Parque, Vila Gabriel e Jardim Maria do Carmo e na sexta, dia 6, na Parada do Alto, Vila Gabriel e Jardim Maria do Carmo.
Já os arrastões serão realizados das 8h30 às 16h, começando hoje pelos bairros Vila Helena, Vila Assis e Vila Fiori. As mesmas regiões serão visitadas amanhã. De segunda, dia 2, a sexta-feira da semana que vem, dia 6, a ação será realizada nos bairros Itapemirim, Barcelona e Vila Melges.

Além disso, a Prefeitura orienta a população para que só coloque lixo na rua nos dias em que efetivamente houver coleta. A Secretaria está aberta à participação de voluntários nos serviços de combate aos focos, como aconteceu na região do Nova Esperança, no sábado passado.

Outra ação anunciada envolve a participação de indústrias de médio e grande porte (com quadro a partir de 300 funcionários) que passarão a integrar o mutirão. Essa medida foi discutida com representantes do setor e com o Ministério Público do Trabalho em Sorocaba e será implementada nos próximos dias.

A Secretaria da Saúde estima que o combate à dengue na cidade deverá demandar investimentos da ordem de R$ 5 milhões. Até o momento, conforme o titular da Pasta, Francisco Antonio Fernandes, o município recebeu dos governos estadual e federal repasses de R$ 236 mil, além de kits para testes sorológicos.

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