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Paciente foi encaminhada para hospital credenciado, mas cirurgião diz que não há estrutura clínica para realizar o procedimento de alta complexidade

Uma jovem de 18 anos, residente em São Paulo, com tumor cerebral diagnosticado em setembro de 2014 aguarda desde janeiro autorização da operador Amil para realizar a cirurgia de retirada do tumor

IG
Arquivo Pessoal
Laudo mostra evolução do tumor de Ruana

Laudo mostra evolução do tumor de Ruana

Ruana Jéssica Ferreira Silva, de 18 anos, de São Paulo, sofre há dois anos com graves dores de cabeça. Em setembro de 2014, a jovem foi diagnosticada com um tumor frontal, na base do crânio, que, segundo laudos médicos, necessita de cirurgia para retirada. Seu convênio médico, da Medial Saúde, hoje pertencente à Amil, não autorizou o procedimento até agora.

Em janeiro, seus pais entraram na Justiça para requerer a autorização. Três liminares já foram concedidas para que a operadora autorize o procedimento, mas eles contam que ainda não houve resposta da Amil sobre o caso. Segundo pareceres médicos, durante o período, o tumor cresceu e pode romper a membrana cerebral, pondo em risco a visão de Ruana. Sem a cirurgia, a jovem pode morrer. Hoje, a adolescente sofre com dores de cabeça, convulsões e desmaios.

“Todo dia estamos no pronto-socorro tomando medicação na veia porque o remédio receitado para tomar em casa não dá conta. Hoje, nem o remédio administrado no hospital dá [conta]”, conta a mãe da adolescente, Josefa.

Quando o primeiro pedido de cirurgia foi negado, sob a alegação de que o hospital onde a cirurgia seria feita não estava na rede credenciada – fato contestado pelos pais e pela advogada da jovem -, a mãe de Ruana conta que entrou em contato com a Amil, que pediu que ela se encaminhasse ao Hospital Rubem Berta, que poderia realizar o procedimento. “O cirurgião do próprio hospital nos deu um laudo em que afirma que o hospital não tem suporte clínico para esse caso. Ela teria de ser removida depois da cirurgia e corria riscos”, conta a advogada dos pais de Ruana, Vianete Francisca dos Santos.

Ruana já foi internada três vezes durante desde setembro. Em uma das vezes, no Hospital São Luís, no bairro do Jabaquara, a equipe médica estava pronta para operá-la com urgência. Horas antes da cirurgia, uma auditora do plano de saúde chegou ao hospital e barrou o procedimento, relatam a mãe e a advogada. A alegação foi de que não havia urgência.

No terceiro pedido de cirurgia, a Amil autorizou o procedimento, mas encaminhou a paciente para um hospital que informou que não havia cobertura para aquele serviço naquela unidade. O pedido foi feito para encaminhamento ao Hospital São Camilo Ipiranga, mas Ruana foi encaminhada ao Hospital São Camilo Pompeia.

O pai da adolescente também protocolou reclamação na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em outubro de 2014 e, segundo a advogada, a operadora afirmou que não havia irregularidades e pediu o arquivamento do processo.

No dia 15 de janeiro deste ano, a liminar expedida pelo juiz Fabrício Stendard, da terceira vara cível do Foro Regional II de Santo Amaro, dava à operadora o prazo de 24 horas para a autorização, passível de multa de R$ 2 mil por atraso. Como não houve resposta, Vianete protocolou mais uma petição. No dia 21, outra liminar foi condedida. Por fim, no último dia 30, o juiz concedeu uma liminar que obrigava a autorização da cirurgia em até 24 horas, passível de multa de R$ 10 mil por dia de atraso.

“Já entreguei três ofícios para a Amil. Tive de descobrir endereços de escritórios em São Paulo, porque só achei atendimentos virtuais. Da última vez, na última segunda-feira (2), quando entreguei o último ofício, fui proibida de entrar no local e só me receberam quando ameacei chamar a polícia”, diz a advogada da jovem.

Segundo a mãe de Ruana, a operadora não dá mais informações para os pais. “As ligações sempre caem. É terrível. Minha filha não tem mais uma vida normal. Ela está ansiosa para a volta às aulas na faculdade, mas continua tendo desmaios.”

Em nota, a Amil informou que “está em contato com o médico que acompanha a referida paciente para agendar a cirurgia, seguindo as indicações do quadro clínico da mesma”.

Hospital Rubem Berta não tem suporte clínico para o caso de Ruana

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