O aparelho que faz o exame de tomografia computadorizada no Hospital da Santa Casa continua sem funcionar e a fila de espera já tem cerca de 250 pacientes, entre eles pessoas com câncer que dependem do resultado para iniciar ou prosseguir o tratamento. O único tomógrafo está parado desde 17 de dezembro. A Prefeitura não informa qual a data prevista para o conserto, mas diz que os casos de urgência/emergência e oncológicos estão sendo atendidos. Não é o que relata quem precisa do exame para tratar câncer.
Na semana passada, a informação da Secretaria Municipal da Saúde era de que houve uma avaria no tubo do equipamento e que o aparelho voltaria a funcionar na sexta-feira passada. Agora, o grupo gestor da Santa Casa afirma que houve novos problemas no aparelho, desta vez nas placas eletrônicas, que foram verificados na volta do equipamento ao hospital.
Quando o equipamento voltar, a previsão é de que dentro do primeiro mês de funcionamento após o conserto a lista de espera seja normalizada. Se preciso, a Santa Casa prolongará as agendas para mês de março. No retorno do atendimento, o agendamento também será feito aos sábados e domingos. Não há previsão de aquisição de um equipamento novo por parte da Prefeitura.
A administração do hospital afirma que “todos os pacientes estão sendo atendidos”, menos os casos eletivos – que não são de urgência e emergência, que estariam sendo reagendados para quando ocorrer a volta definitiva do equipamento. “Os exames de casos de urgência/emergência, bem como os envolvendo tratamentos oncológicos, estão sendo realizados em prestadores requisitados emergencialmente”, diz a Prefeitura. Os serviços estariam sendo prestados pelo Hospital Santa Lucinda.
Pacientes desmentem
Não é o que dizem familiares de pacientes oncológicos. Aos 74 anos, a mãe da cozinheira Alda Rodrigues de Lima aguarda desde novembro pela tomografia para iniciar o tratamento para o tumor maligno no útero. “Eles falam que não consertou a máquina, que não tem previsão. Eu perguntei se tinha outro lugar para fazer, mas eles dizem que é só na Santa Casa”, conta Alda, que liga todos os dias para tentar agendar o exame.
Ela relata que a mãe começou a ter sangramentos em maio de 2014 e só em novembro teve o diagnóstico pela biópsia. “Ela está sem tratamento, sem remédio nenhum. Ela sangra muito e a médica falou que ela pode ficar anêmica. Estamos desesperados, angustiados, pois a qualquer momento a situação pode piorar e pode não ter mais jeito”.
Com câncer no pulmão, fígado e reto, aos 58 anos o tio de Márcia Ferraz de Moraes também sofre com a falta do aparelho, há mais de 20 dias. A morfina sintética é o único meio para se livrar das dores enquanto aguarda, mas os inchaços no corpo permanecem. “Eu ligo lá todo dia, mas dizem que ainda não resolveram a máquina, que talvez na sexta eu possa voltar para agendar o exame”, reclama a sobrinha. O tio dela está sem quimioterapia desde 9 de janeiro, pois o tumor avançou e o médico precisa do exame para direcionar o tratamento. Já foram cinco consultas “perdidas” por falta do exame.