Sentado no banco do motorista, mas com as mãos fora do volante e os pés longe do freio e do acelerador. Foi assim que Jorge Mussi, diretor de assuntos governamentais da Volvo Cars Brasil, falou com a Folha de S. Paulo enquanto o sedã S60 movia-se sem a intervenção de um condutor. Trata-se de um protótipo de carro autônomo desenhado para trafegar em vias urbanas e rodoviárias.
Em 2017, veículos desse tipo vão circular na cidade de Gotemburgo, na Suécia, ao longo de um anel viário de 50 km. Caso a experiência seja aprovada, o início da comercialização está previsto para ocorrer em 2018.
Há planos para o Brasil. Segundo a empresa sueca, as vendas por aqui devem começar de quatro a seis meses após o lançamento na Europa, tempo estimado para a homologação da tecnologia.
O preço no país deverá ficar R$ 10 mil mais caro que a versão convencional, estima Mussi. Hoje, o S60 custa a partir de R$ 157.950.
Na Suécia, os testes contam com o apoio da prefeitura de Gotemburgo e de companhias de trânsito. No Brasil, a Volvo ainda não estabeleceu um diálogo com o governo. Portanto, mesmo que a tecnologia chegue ao país, ainda não há previsão de quando os veículos dispensarão o motorista.
Como funciona
O modelo é equipado com sensores e radares que calculam a velocidade e distância dos veículos a seu redor.
Com ajuda de câmeras, o carro reconhece a silhueta de automóveis, pedestres e ciclistas, reagindo a cada um deles e evitando colisões. Ele também traz um sistema de GPS de alta definição, com tolerância de apenas dez centímetros.
No teste acompanhado pela Folha, o protótipo seguia atrás de outro carro. Por meio de radares, o S60 autônomo acompanhava o ritmo do veículo à sua frente, acelerando e freando sozinho.
Enquanto isso, o “motorista” fica livre para fazer outras atividades. Futuramente, o objetivo é que ele possa até dormir durante a viagem.
O condutor tem a opção de retomar o controle do carro. Basta segurar a direção e utilizar normalmente os pedais. Para retornar ao módulo autônomo, há um botão no volante que reativa o sistema.
Infraestrutura
Para que o modelo funcione sozinho e sem ser guiado por outro veículo, há três condições: o carro deve se comunicar com os demais meios de transporte e com a infraestrutura da cidade, além de possuir dados em nuvem com informações de trânsito e mapas para traçar o trajeto.
“Se um semáforo está quebrado ou se há uma enchente em determinado ponto da cidade, o carro já estará programado para desviar a rota”, afirma Mussi.
Para isso, as cidades precisam ser completamente equipadas com redes sem fio ou de celular que forneçam os dados de direcionamento ao carro. “Nossa parte da tecnologia já foi feita, agora precisamos da infraestrutura”, diz Mussi.