Apenas três produtos da indústria local somaram US$ 552.492.868 em exportações de janeiro a setembro deste ano, o que representa 54% de tudo o que saiu da cidade com destino ao exterior. Automóveis, pás eólicas e partes e acessórios de veículos são os principais bens sorocabanos com destino a outros países. Enquanto os dois primeiros representam, cada um, 19,35% do volume financeiro das exportações, o terceiro detém 14,26% do total. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e são em dólar Free On Board (US$ FOB), ou seja, valores livres de custos, como taxas, valores de frete, etc.
No acumulado de 2014, as exportações da indústria sorocabana já somam US$ 1.043.372.299, o que representa avanço de 12,6% em relação ao ano passado. Por outro lado, as importações atingiram o montante de US$ 2.302.697.230 nos primeiros trimestres deste ano, o que significa aumento de 6,6%.
Apenas em setembro, a cidade exportou US$ 124.789.884 em mercadorias, um crescimento de 17%, na comparação com o mês anterior. Enquanto isso, a importações atingiram a soma de US$ 252.221.207, o que representa queda de 5,2% no comparativo com agosto.
De todo o montante exportado pela cidade, US$ 552.492.868 dizem respeito a apenas três itens. A exportação de automóveis, de janeiro a setembro, soma US$ 201.892.363. No mesmo período, a exportação de pás eólicas atingiram o montante de US$ 201.777.402. Já as peças e acessórios de automóveis registram US$ 148.823.103 em exportações.
Concentração
Para o economista Lincoln Diogo Lima, professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), os dados do ano apontam que as exportações da indústria sorocabana está “passando por um processo de concentração em alguns produtos, principalmente aqueles relacionados à indústria automobilística”. Os motivos, ele explica, são dois: a instalação da Toyota na cidade e a redução das exportações dos outros produtos, devido ao baixo crescimento econômico dos principais parceiros comerciais de Sorocaba.
A chegada da montadora japonesa incidiu, ainda, no crescimento verificado neste ano nas exportações e importações de Sorocaba. Segundo o economista Lincoln Lima, o item automóveis foi um dos poucos que tiveram aumento nas exportações, puxando o aumento de 12,6% no ano. “Tal item aumentou 646% nesse período, de US$ 27 milhões para US$ 201 milhões.”
Apesar do crescimento ser positivo, o professor da Uniso faz ressalvas, uma vez que o avanço é inferior aos números de 2012. “Além disso, a indústria local passa por dificuldades, porque o mercado externo representa apenas uma parte da demanda por produtos da indústria local”, comenta. Conforme Lima, a maior parte da produção da cidade é direcionada ao mercado interno, que passa por “sérias dificuldades”.
Crise dos parceiros
Pesam nos problemas enfrentados pela indústria de Sorocaba também os problemas econômicos vividos por Argentina Alemanha e Estados Unidos, acrescenta Lima. A crise argentina afeta mais a cidade por conta de seu peso nas exportações locais, que chega a 35% do total. “No caso Americano, o país vem apresentando melhora gradual da economia, mas ainda muito abaixo do esperado.”
A queda na atividade econômica da Alemanha, que, de acordo com o economista, apresentou retração de 0,2% no segundo trimestre deste ano, também preocupa. “O setor alemão que mais desacelera é o industrial, justamente aquele que é o maior demandante dos produtos sorocabanos”, explica. O economista conclui, ainda, que as perspectivas em relação a esse país não são boas para Sorocaba, uma vez que “a tendência é que a economia deles cresça menos do que o previsto no início do ano”.