Para quem vê as imagens atuais do Sistema da Cantareira, em São Paulo, com o solo rachado pela falta de água, logo se recorda das terras do Nordeste nas piores secas da região.
São mais de 14 milhões de habitantes da Grande São Paulo e de cidades do interior que são (ou deveriam ser) abastecidas pelo Sistema Cantareira.
Indústrias como a GM, Rodhia, entre outras, já demonstraram preocupação em depoimentos aos veículos de comunicação com o resfriamento das máquinas e dos equipamentos se houver racionamento de água, até agora negado pelo Governo do Estado. Algumas empresas até cogitaram a possibilidade de contratação de caminhões-pipa, apesar do alto custo.
Para a população a falta de planejamento do governo tucano pode representar um caos na vida diária. Para a falta de energia é possível se criar um plano B, mas não há como fabricar água para sanar a crise atual.
A CUT/SP teve a iniciativa de debater o tema com propostas e análises sobre os impactos do desabastecimento para a população, para a economia e o emprego, foco da discussão com trabalhadores (as). O evento que tratou do assunto foi promovido nesta terça-
feira, 13, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com o apoio da bancada petista.
O assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Edson Aparecido da Silva, também coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental, em reunião da Direção Executiva da CUT São Paulo, no mês passado, afirmou que o governador Alckmin não pode controlar a situação climática, mas deveria ter se preparado para o enfrentamento da crise.
O governador continua descartando o racionamento. Entretanto, o tucano insiste na aplicação da multa de 30% àqueles que ultrapassarem o limite de consumo, com cálculo a partir de uma média mensal realizada em 2013. A intenção é iniciar a cobrança já a partir de junho.
A proposta está em análise na Procuradoria Geral do Estado (PGE) e, partir do parecer da entidade, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) decidirá se a medida entrará ou não em vigor.
Os cidadãos e cidadãs correm o risco de desabastecimento e de punição com multa. Além disso, o governo estadual do PSDB prevê o uso do volume morto de água – aquele abaixo do nível da captação das comportas. Conforme a Sabesp deve-se usar 200 bilhões de litros dos 400 bilhões da reserva estratégica.
A questão é que essa crise não está distante de atingir as casas da nossa cidade e região. Em Sorocaba mesmo, o próprio prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) chegou a anunciar que o abastecimento de água na cidade estava em crise, no início do ano.
Ele assumiu que a última ampliação significativa na Estação de Tratamento de Água do Cerrado foi feita por ele próprio há 20 anos. Ou seja, não houve grandes investimentos na distribuição de água da cidade.
Não podemos confiar nas previsões climáticas, que não nos trouxe as tão esperadas chuvas, no verão, muito menos nos governos tucanos que apesar de estarem há várias estações no poder não promoveram nenhum passo para mudar a situação.