Os trabalhadores da Flextronics, fábrica de produtos eletrônicos instalada em Sorocaba, entraram em greve por tempo indeterminado na manhã de hoje, dia 10. Eles reivindicam uma proposta de participação nos resultados compatível com o porte e a produtividade da empresa, que tem quatro mil funcionários e uma clientela formada por algumas das principais marcas de produtos eletrônicos e de informática que atuam no Brasil.
Além da Flextronics, também a Toyota enfrenta uma greve de funcionários em Sorocaba. No caso da montadora de veículos, a greve já dura oito dias. Clique para saber mais.
Desde junho o Sindicato dos Metalúrgicos vem tentando negociar com a Flextronics um Programa de Participação nos Resultados (PPR) que atenda às expectativas do quadro de funcionários, formado na maioria por mulheres.
Até agora, a proposta da empresa atingiu R$ 2.100, sendo R$ 1.300 este mês e a segunda parcela em abril de 2014. Além do valor de PPR ser considerado muito baixo, os trabalhadores perderam a confiança na empresa em relação ao pagamento da segunda parcela.
Em 2012, o acordo previa R$ 1.800 de PPR, sendo R$ 1.250 de primeira parcela. A Flex pagou o adiantamento conforme combinado. Mas, no pagamento da segunda parcela, cada trabalhador recebeu apenas R$ 14 (quatorze reais).
Metas impraticáveis
O valor irrisório de segunda parcela foi causado pelas metas de produção, produtividade e assiduidade exigidas pela empresa, que o Sindicato considera impraticáveis. “Este ano, novamente, Flextronics impôs metas absurdas, que representam claramente a intenção da empresa de não pagar nada aos trabalhadores na segunda parcela do PPR”, afirma Alex Sandro Fogaça, diretor executivo do Sindicato.
O Sindicato reivindica pelo menos R$ 3 mil de PPR aos trabalhadores, além de redução das metas e aumento no valor da primeira parcela.
O Sindicato já havia protocolado um comunicado de greve junto à Flex na sexta-feira da semana passada, quando a proposta de PPR estava em R$ 2 mil. Desde então, a empresa melhorou o valor total em apenas R$ 100, não aumentou a primeira parcela nem diminuiu as metas. Com isso, a greve foi deflagrada em assembleia às 7h de hoje na portaria da empresa.
100% em greve
A paralisação foi aprovada por unanimidade pelos cerca de 3 mil trabalhadores presentes à assembleia.
Após a assembleia, todos os funcionários da produção foram embora da empresa e só retornam na manhã de segunda-feira, dia 14, para avaliar uma eventual nova proposta de acordo da Flextronics.
O vereador Izídio de Brito (PT), que também é diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, esteve presente à assembleia e declarou apoio às reivindicações dos trabalhadores, como já vinha fazendo nos últimos dias em relação à greve na Toyota.
Grandes clientes
Entre os clientes da Flex estão a Cielo, HP, IBM, Positivo, Lexmark e Acer.
“Anos atrás, a Flex reclamava que só tinha dois grande clientes, Sony e HP, e acabou perdendo a Sony, por isso não melhorava o PPR. Agora, a carteira dela tem pelo menos 18 clientes importantes. Mesmo assim, o padrão de participação nos resultados não melhorou em nada”, afirma Kátia Silva Lucas, funcionária da Flextronics e diretora do Sindicato.
“Muitos produtos, como impressoras, computadores, leitores de cartões e servidores de rede de alta capacidade saem prontos da Flextronics, bastando ao cliente agregar sua marca, fazer publicidade e colocá-lo no mercado”, afirma a sindicalista.
A multinacional Flextronics está instalada na avenida Liberdade, paralela à Rodovia Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho), Sorocaba.
Clique aqui e assista na TV_SMetal matéria sobre a greve na Flextronics
Flextronics fica às margens da Castelinho,em Sorocaba (Foto:Foguinho/Imprensa SMetal)
Alex Fogaça, diretor do Sindicato, durante assembleia na manhã de hoje (Foto: Paulo de Andrade)
(Foto: Paulo de Andrade)