A queda de itens monitorados, como a energia elétrica, e a variação menos acelerada de produtos alimentícios no segundo trimestre de 2013 contribuíram para que a inflação acumulada em 12 meses chegasse, em setembro, a um patamar inferior a 6% pela primeira vez neste ano, avaliou a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes.
“Isso ocorreu porque as taxas do IPCA estão menos fortes de julho para cá do que em igual período do ano passado, considerando os preços dos produtos alimentícios, que não estão exercendo uma função tão forte quanto a que exerceram naqueles meses. Estamos trocando taxas mais altas por taxas mais baixas no acumulado de 12 meses”.
O índice acumulado no período de outubro de 2012 a setembro de 2013 foi 5,86%, contra 6,09% entre setembro de 2012 e agosto de 2013. A taxa do mês de setembro deste ano foi 0,35%, enquanto a do mesmo mês em 2012 ficou em 0,57%.
Entre os índices monitorados, cujas variações não se dão livremente de acordo com o mercado, Eulina destaca a energia elétrica e a passagem de ônibus como os que mais ajudam no controle da taxa.
“Para que a inflação atingisse um nível bem mais baixo nesses últimos três meses, certamente contribuíram muito os produtos monitorados, em particular a energia elétrica, que foi um alivio para o bolso do consumidor. Os ônibus urbanos também, porque se considerarmos de janeiro a setembro estavam com uma variação muito mais alta no ano passado do que estavam neste ano, em que a média está perto de zero”.
Enquanto no ano passado os monitorados acumulavam 2,51% de inflação até setembro, neste ano a variação está próxima de zero. Segundo Eulina, mesmo os reajustes que costumavam ser feitos pelas companhias de abastecimento de água e esgoto no segundo trimestre ficaram abaixo do esperado desde as manifestações iniciadas em junho.
Na taxa de setembro, apesar disso, o IPCA cresceu em relação a agosto, puxado pelas passagens aéreas, que tiveram impacto de 0,08 ponto percentual no resultado final, de 0,35%. Para o aumento desse item, o dólar exerceu pressão nos custos das companhias, que também elevaram os preços com a maior demanda criada por eventos como o Rock in Rio e o Círio de Nazaré.
O impacto do dólar também foi sentido em outros itens do IPCA, como higiene pessoal, e puxou a alta do pão francês, que acumula 14,79% de inflação em 12 meses e subiu mais 3,37% em setembro. Como importador de trigo, o país teve impacto no preço pela alta da moeda americana no mês passado, assim como por problemas de safra na Argentina.
“O impacto do dólar também é bastante evidenciado nos preços dos eletrodomésticos, que subiram aliados a uma demanda forte dado o crédito do governo para a compra desses itens”, acrescentou Eulina, referindo-se ao programa Minha Casa Melhor, do governo federal.