“Oficiais da reserva lançaram nota apoiando as manifestações, a prova que faltava de que esse movimento não está exigindo apenas mais democracia. No Rio de Janeiro, fala-se da presença do crime organizado. É incrível o movimento da mídia para insuflar as manifestações. As forças conservadoras perdem o conceito de nação e colocam o combate a seus adversários políticos, Lula e Dilma, em primeiro lugar. ” A avaliação é do cientista político Paulo Vannuchi, em sua coluna diária na Rádio Brasil Atual.
Vannuchi considerou “bem assimilado” o pronunciamento feito por Dilma Rousseff, na última sexta (28). Para o ex-ministro, a presidenta mostrou “humildade e pulso para reconhecer a força das manifestações populares”. Ontem a presidenta se reuniu no Palácio do Planalto com governadores de todos os estados e prefeitos de todas as capitais para fechar um pacto com cinco pontos: política, economia, saúde, mobilidade urbana e educação. Além disso, propôs a convocação de uma Constituinte exclusiva para debater a reforma política. “A presidenta está chamando para o debate, pois haverá discussão sobre a constitucionalidade de um plebiscito para uma nova constituinte exclusiva voltada para a reforma política”, avalia o ex-ministro.
Segundo o analista político, o sistema de representação brasileiro apresenta uma “pulverização complicada” e a reforma política proposta ontem (25) por Dilma “tenta resolver” um “problema gravíssimo” na vida política nacional. “Temos um legislativo com paralisia decisória e uma pulverização: gente de oposição dentro do governo, gente que está dentro do governo e lança candidatura de oposição. São muitos partidos, legendas de aluguel, algumas delas fundamentalistas, o que torna muito dificíil o legislativo decidir.”
Para Vannuchi, as fortes críticas de partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) representam um sinal importante: “O fato de só esse três partidos condenarem a proposta mostra que é uma derrota para eles. O movimento nacional é tão forte que era de se esperar que eles conseguissem reagir a isso, trazendo algumas siglas mais próximas de Dilma, mexendo no campo situação-oposição”.
