Integrantes do Movimento ContraCatraca, coletivo que tem organizado atos contra o aumento da passagem do ônibus em Sorocaba, consideram a revogação do preço da tarifa “a primeira vitória” do movimento e confirmam a realização de protesto marcado para hoje, a partir das 17 horas, com concentração no Largo do Canhão, no Centro. Agora, o objetivo é exigir transparência das planilhas financeiras da Urbes.
Membro do Movimento, o publicitário William Alves explica que desde o início dos protestos, no dia 6 de junho, a pauta de reivindicações do grupo ia além dos vinte centavos. “Além da revogação, os protestos são pelo direito à cidade e à mobilidade urbana”, explica.
A revogação do preço da tarifa anunciada ontem pelo prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), segundo William, “foi apenas a primeira vitória da mobilização popular”. Agora, o movimento retornará às ruas para cobrar mais transparência da prefeitura sobre a forma como o valor da passagem é definido.
“Nós não sabemos qual o lucro dessas empresas que operam o sistema e vamos exigir a abertura da planilha financeira, até para que a gente possa fazer um debate profundo sobre a qualidade que é oferecida ao usuário que paga R$2,95”, afirma o William.
Tática de divisão
Os integrantes do Movimento ContraCatraca, que se reuniram na noite de ontem para definir os rumos da mobilização, entendem que ao anunciar a revogação, o prefeito de Sorocaba adotou uma “tática para tentar dividir a população sorocabana”.
É que segundo Pannunzio, com a redução do valor da passagem, o subsídio do orçamento municipal para o transporte coletivo, que estava em R$ 15 milhões ao ano, deverá saltar para quase R$ 30 milhões e pode resultar em cortes em outras áreas do orçamento municipal. “Terei que cortar em alguma coisa”, disse em entrevista publicada nesta quinta-feira, dia 20, no jornal Cruzeiro do Sul.
“Ao dizer que investimentos vão ser cortados, Pannunzio tentar dividir a população, entre quem usa o transporte público e não vai pagar a conta e quem não usa e vai pagar a conta. Essa é uma tática muito clara e a gente quer mostrar que não é assim”, comenta William. O debate não interessa só a quem usa o ônibus, é um debate sobre mobilidade urbana e do acesso à cidade como um todo, e isso interessa a todos”, explica.
Outras bandeiras
Questionado sobre os últimos protestos em São Paulo, nas quais parte dos manifestantes passou a defender causas diversas, William considera válida a pluralidade de reivindicações durante o protesto local, mas destaca que o pauta central do Movimento ContraCatraca é o debate sobre mobilidade urbana. “A gente entende que há muito tempo a população como um todo está sendo reprimida nas suas reivindicações, em várias questões individuais ou coletivas, e aproveita esse momento de manifestações para levar suas pautas, mas a gente tem essa clareza de que o debate é sobre mobilidade urbana e que se a população estiver conosco, conseguiremos a segunda e terceira vitórias”, assinala.