Há 30 anos os trabalhadores de Sorocaba e região passavam a conviver com uma nova forma de fazer sindicalismo.
Liderada pela categoria metalúrgica, a CUT, recém-criada no ABC Paulista, chegava a Sorocaba pela filiação do Sindicato dos Metalúrgicos à nova central. A nova entidade propunha um sindicalismo mais amplo socialmente, mais combatívo e desatrelado dos patrões e das políticas totalitárias que vigoravam na época desde o golpe militar de 1964.
As mudanças de rumo do sindicalismo da região começaram efetivamente em 24 de setembro de 1983, quando Wilson Fernando da Silva, o Bolinha, encabeçador da Chapa 3, elegeu-se presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região.
A vitória de Bolinha tirou a entidade das mãos de uma diretoria aliada aos patrões e ao regime militar que governava o Brasil havia quase 20 anos. “Os trabalhadores estavam insatisfeitos com o sindicalismo burocrático, assistencialista, chegado aos entendimentos de cúpula e distanciado dos problemas das classes, como emprego [falta] e arrocho salarial”, registrou o jornal Cruzeiro do Sul da época em editorial.
Bolinha (esq) e Lula na sede do Sindicato em Sorocaba em meados dos anos 80 (Foto: aqrquivo SMetal)
Mudanças de postura são imediatas
Na primeira campanha salarial liderada pela nova diretoria cutista, seis meses após a posse, já era possível ver a mudança. Firme em suas posições e com protestos e paralisações, a nova diretoria demonstrava aos patrões, e aos próprios trabalhadores, que o sindicato havia tomado outro rumo.
Os cutistas não aceitavam mais acordos de bastidores sem a participação da categoria, revelando que a nova diretoria não era mais submissa às imposições do patronato, nem do governo.
Mesmo sob repressão policial houve paralisações em diversas fábricas e até mesmo um decreto do governo federal, que impedia reajustes acima da inflação, fora atropelado, pois os metalúrgicos conquistaram reajustes acima da inflação em várias empresas. “É esse modelo de independência e de comprometimento com os trabalhadores, nascidos com a criação da CUT, que nos norteiam até hoje”, declara o atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ademilson Terto da Silva.
Com a CUT,os metalúrgicos passaram a participar efetivamente das decisões (Foto: Paulo de Andrade)
Avanço vai além das questões trabalhistas
Mas as conquistas da CUT e dos Metalúrgicos nestes 30 anos não ficaram apenas no chão de fábrica. Ainda na primeira metade dos anos 80 a Central lutou pela redução da jornada de trabalho, que foi alcançada com a promulgação da Constituição Federal de 1988, quando a jornada foi reduzida de 48 para 44 horas semanais.
Em Sorocaba e região o novo sindicalismo cutista ta
mbém ajudou a fomentar outros movimentos sociais, sempre em busca de mais bem-estar social para a classe trabalhadora e toda a sua família.
“Foi essa visão ampliada das questões sociais que fez da CUT peça fundamental na transformação do País. Sem ela o Partido dos Trabalhadores não teria elegido Lula e Dilma para presidente do Brasil. E sem eles [Lula e Dilma] nosso País não teria passado por tamanha transformação social, tecnológica e econômica como estamos vivendo nos últimos 10 anos”, analisa o vereador Izídio de Brito, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, seguidor dos princípios da CUT e admirador dos ensinamentos, da garra e da ousadia do amigo do Bolinha.
Diretoria do SMetal eleita em 1983
Wilson Fernando da Silva
Presidente
João Batista Silva
Vice-Presidente
Antonio Alves Silva
Secretário Geral
Américo Ximenes Peres
1º Secretário
Pedro Ferreira dos Santos
Tesoureiro
Elizeu Pereira
1º Tesoureiro
José Carlos Pereira
Diretor Patrimônio
Romeu Pires de Barros
Iracemo de Camargo
Benedito Fatimo dos Santos
Joveniano Ferreira de Barros
Gerson Furtado
Celso Delfino
Almira Rodrigues Gabriel
Edson João Mora
José Eduardo Assunção
Nelson Paccola
Ezequiel Pinto Ferreira
Jair Pereira da Silva
José Carlos da Costa
Alvacy Lopes Ferreira
Adhemar do Nascimento
Lourival Garcia
Rodinei Germano Ghnó