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Jornada extenuante

Trabalhadores da Tamboré aprovam comunicado de greve

Caso a empresa não dê retorno sobre as reivindicações da categoria em até 48 horas, os metalúrgicos irão cruzar os braços

Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Divulgação

O Grupo Tamboré Alumínio atua na extrusão e produção de perfis de alumínio para a construção civil e indústria.

Os trabalhadores da Tamboré aprovaram um comunicado de greve, em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira, 12. Diversas reivindicações foram apresentadas à empresa que, até o momento, não se dispôs a dialogar com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).

A principal pauta apresentada são as excessivas horas extras praticadas na fábrica, onde os metalúrgicos trabalham, em sua maioria, de segunda-feira à sexta-feira por 12 horas seguidas e, geralmente, precisam fazer horas extras na sexta-feira ou no sábado. Ou seja, trabalham mais de 60 horas por semana. 

O vice-presidente do SMetal, que também é secretário de saúde do trabalhador da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP), Valdeci Henrique da Silva (Verdinho), aponta que jornadas de trabalho extenuantes geram diversos problemas para os trabalhadores.

“Além de afetar diretamente a saúde, facilitando o desenvolvimento de doenças como diabetes, ou mesmo atingindo a saúde mental da categoria, quem só trabalha não tem tempo de lazer e para ficar com a sua família”, alerta o vice-presidente, que é responsável pelas negociações com a Tamboré.

Verdinho relata que a exaustão dos trabalhadores da fábrica é visível. “Estão com um semblante de cansaço”, conta o diretor.

Além disso, os trabalhadores pedem maior valorização por meio do aumento real nos salários. 

A Tamboré, que é representada pelo Grupo 8 nas negociações coletivas junto à Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), está contemplada pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) acordada no último mês, que garante um aumento real de 1,2% somado ao acumulado da inflação desde a última data-base da categoria (3,71%), o que totaliza um aumento de 4,95% nos salários, além da renovação de cláusulas sociais que ampliam os direitos dos metalúrgicos. Contudo, os trabalhadores da Tamboré reivindicam um aumento maior que este percentual, como é o caso de outras empresas.

Outra pauta levantada na assembleia foi a necessidade de um reajuste no vale-compra e no vale-alimentação dos motoristas, que estão com valores muito abaixo do necessário.

Também, há relatos de que alguns cargos e salários estão desajustados e os metalúrgicos solicita que essa pauta também seja abordada nas negociações.

Comunicado de greve

Ainda nesta quinta-feira, 12, o SMetal irá protocolar o comunicado de greve e a fábrica terá até 48 horas para dar uma resposta às exigências dos trabalhadores.

Verdinho ressalta que o Sindicato preza sempre pelo diálogo mas que, infelizmente, até o momento a Tamboré não deu um retorno.

“Parar a produção é o nosso último recurso para sermos ouvidos. Contamos com a mobilização da categoria para conquistarmos esses avanços”, afirma o vice-presidente.

Greve todo ano?

Em outubro de 2023, os metalúrgicos da Tamboré realizaram uma greve de dois dias por aumento real nos salários, que garantiu uma vitória para a categoria.

Mas Verdinho questiona se esse será o tratamento da fábrica com seus funcionários. “Será que todo ano vamos precisar fazer uma greve para sermos escutados? Isso não beneficia nem os trabalhadores, nem a empresa”.

O Grupo Tamboré Alumínio atua na extrusão e produção de perfis de alumínio para a construção civil e indústria. A fábrica fica localizada na rua Domingos Silvestre, no bairro Cajuru.

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