“No governo de Michel Temer o impensável avançou nos últimos dois anos”, afirmou o jornalista Leonardo Sakamoto, que é analista político e diretor da ONG Repórter Brasil.
Ele esteve em Sorocaba pela primeira vez nesta quinta-feira, dia 22, para fazer palestra na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal) e abriu a programação do Ciclo de Formação 2018. Antes da palestra, ele concedeu entrevista exclusiva à imprensa SMetal. Confira.
Durante uma hora e meia, Sakamoto, que também é conselheiro das Nações Unidas em relação ao trabalho escravo, abordou de forma crítica e incisiva os prejuízos causados pelo congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, pela aprovação da terceirização irrestrita, pela reforma trabalhista e outras ações do governo golpista.
Com o auditório lotado por trabalhadores de várias categorias, estudantes, militantes sociais e sindicais, Sakamoto mostrou a lista que elaborou quando o processo de golpe ocorria. Para seu espanto, apesar de serem absurdas, praticamente todos os 10 itens estão em andamento no Congresso ou já foram aprovados sob o comando de Temer, que foi eleito para garantir privilégios à elite brasileira.
São eles:
1) Liberação da terceirização irrestrita
2) Transferência do poder de demarcação de terras indígenas para deputados e senadores
3) Redução da maioridade penal para 16 anos
4) Proibição de adoções por casais do mesmo sexo
5) Alteração do conceito de trabalho escravo contemporâneo para diminuir as possibilidades de punição
6) Redução da idade mínima para poder trabalhar
7) Proibição do aborto nos casos de estupro, risco de vida para a mãe e má formação fetal
8) Aprovação da pena de morte
9) Fim do voto feminino
10) A revogação da Lei-Áurea
Para cada tópico Sakamoto deu breve explicação e pincelou que todas as ações de Temer abalam e prejudicam as conquistas históricas dos trabalhadores.
Em referência à reforma trabalhista, ele explicou que além de precarizar o emprego, a reforma diminui o tempo de contribuição da Previdência Social. “Foi planejada para alimentar os fundos de pensão privados”, destaca.
Mobilização
Apesar do cenário ser assustador para o povo brasileiro, Sakamoto enfatizou que se não houvesse resistência e mobilização seria pior. Exemplificou com a campanha da Reforma da Previdência dos movimentos sociais que, ameaça deputados e senadores caso voltem a favor da reforma: “Se votar não volta”.
Ele deixou claro que os políticos do Congresso ouviram essa frase de muitos eleitores e que, por isso, não fecharam acordo imediatamente com Temer.
O problema é que o governo federal, sob o comando golpista, tem a faca e o queijo na mão em relação à publicidade e propaganda e faz divulgação da Reforma da Previdência como se fosse cortar privilégios dos mais ricos, o que não é verdade. “O projeto da Previdência atinge os vulneráveis, não os privilegiados”.
Para encerrar sua palestra Sakamoto lembrou que estamos vivendo no anoitecer, mas um dia vai ter que clarear e que “resistência social e cultural é fundamental para reverter derrotas”.
Após a palestra o público fez perguntas e Sakamoto também autografou o livro “O que aprendi sendo xingado na internet”.
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