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Sem produção, trabalhadores da Satúrnia fazem plantão em frente à fábrica

Metalúrgicos querem que Satúrnia esclareça motivo da falta de matéria prima e temem a retirada de máquinas da fábrica durante folga dada aos funcionários esta semana

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal
Ato na portaria da empresa mobilizou todos os funcinários da fábrica para cobrar explicação sobre atrasos de pagamento e falta de matéria-prima

Ato na portaria da empresa mobilizou todos os funcinários da fábrica para cobrar explicação sobre atrasos de pagamento e falta de matéria-prima

Os metalúrgicos da Satúrnia, fabricante de baterias industriais instalada em Sorocaba, decidiram nesta segunda-feira, dia 8, a manter uma concentração de funcionários em frente à fábrica, para cobrar dos empresários, informações sobre o futuro da empresa e dos seus empregos.

A fábrica tem atrasado o pagamento de salários com freqüência, além de ter débitos no Fundo de Garantia dos trabalhadores e junto a prestadores de serviço e fornecedores. O convênio médico, convênio farmácia e outros benefícios dos funcionários foram cortados por falta de pagamentos, que são de responsabilidade da empresa.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, dos 170 funcionários, cerca de 100 receberam, com atraso de seis dias, uma parcela dos salários de julho. Dezenas de outros funcionários ainda não receberam nada dos salários no mês passado. A empresa não informou aos trabalhadores e ao Sindicato os critérios de pagamento dessas parcelas.

Licença-remunerada
No último final de semana, a empresa anunciou licença remunerada de uma semana aos funcionários que decidiram se revezar em plantões em frente à fábrica. Os trabalhadores temem que a empresa aproveite a folga e leve embora máquinas e outros bens que possam garantir o pagamento futuro de verbas trabalhistas.

A concentração começou na manhã de hoje (8 de agosto). Mas até o início da tarde nenhum diretor da Satúrnia havia aparecido na fábrica para dar explicações aos trabalhadores.

Segundo o dirigente sindical Alex Sandro Fogaça, essa ausência de diretores é incomum, pois o presidente da empresa, Luiz Antonio Baptista, e outros diretores costumam cumprir expediente na fábrica.

“A empresa não pode querer que fiquemos calmos. Ela não dá satisfação sobre nada. Agora, anuncia essa folga e chama de licença remunerada. Mas como? Se nem os salários ela vem pagando direito?”, afirma Alex.

Poder Público
O vereador Izídio de Brito (PT) esteve na porta da fábrica hoje de manhã e se declarou à disposição dos trabalhadores para participar das ações sindicais e para cobrar participação do poder público no caso.

“A direção da Satúrnia, os diretores e acionistas têm que assumir sua responsabilidade. Os trabalhadores estão corretos ao cobrar da empresa seus direitos, defender seus postos de trabalho e exigir transparência”, afirmou.

O vereador, que também é dirigente sindical metalúrgico, lembrou que participou de uma reunião na última quarta-feira, dia 3, com o secretário municipal de Desenvolvimento, Mário Tanigawa, sobre a crise na Satúrnia. O secretário se comprometeu a convidar os empresários a informar sobre o futuro da empresa. “Mas até gora não tivemos resposta”, afirma o petista.

A Satúrnia é controlada pelo grupo ALTM, com matriz no Rio de Janeiro. Em Sorocaba, ela fica no bairro Iporanga, zona industrial da cidade.

Produtos Satúrnia
A Satúrnia fabrica baterias industriais, para o sistema de metrô, transporte ferroviário em geral e telecomunicações, para empilhadeiras, entre outras. Outro produto de destaque é a bateria para submarino.

“Por causa dos problemas de crédito no mercado, há risco inclusive de a Satúrnia atrasar na produção de uma bateria para submarino encomendada pela Marinha Brasileira”, afirma José Carlos Andrade Oliveira, funcionário da empresa e dirigente sindical.

Segundo o Sindicato, recentemente a Marinha liberou R$ 1,7 milhão para a empresa de Sorocaba como adiantamento pelo produto, que custa aproximadamente R$ 12 milhões e demora até seis meses para ser fabricado.

“A carteira de clientes da Satúrnia é boa. O que falta é capital de giro, crédito, responsabilidade e transparência por parte dos acionistas e diretores da empresa”, completa Alex.

Tradição
A Satúrnia tem 80 anos de mercado, mas já trocou de mãos diversas vezes. Até o início dos anos 80, a fábrica estava instalada na cidade de São Paulo, quando então se transferiu para Sorocaba. Na época, a empresa fabricava também baterias automotivas e tinha como carro-chefe a marca Heliar.

Em meados dos anos 90, houve uma divisão entre os setores de baterias industriais e de baterias automotivas.

A produção de baterias automotivas trocou de donos diversas vezes, mas continua forte no mercado e hoje é controlada pela Johnson Controls, que tem sua fachada voltada para a movimentada avenida independência, na zona industrial de Sorocaba.

Já o setor de baterias especiais, que mantém o nome Satúrnia, sofreu uma divisão inclusive física. Sua entrada hoje fica no bairro Iporanga e faz divisa com os fundos da Johnson Controls.

Na época, a Satúrnia foi vendida para o Grupo Brasileiro Sul América de Seguros, que a revendeu para um grupo Inglês BTR/Hawker. No final dos anos 90, a então Satúrnia Hawker foi vendida para o grupo norte-americano Eaton, que poucos anos atrás a revendeu para o grupo ALTM.

O sindicalista Alex Sandro Fogaça fala com os trabalhadores na portaria da fábrica na manhã desta segunda, dia 8

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