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Acordo na Toyota

Saudações a quem tem coragem

Foram 17 dias de greve, nos quais os trabalhadores da Toyota em Sorocaba provaram que, além de ótimos profissionais na produção de veículos, não abrem mão de lutar por melhorias coletivas

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

Metalúrgicos da Toyota, inaugurada em 2012, estavam insatisfeitos com promessas não cumpridas a respeito de salários e benefícios na fábrica

Foram 17 dias de greve, nos quais os trabalhadores da Toyota em Sorocaba provaram que, além de ótimos profissionais na produção de veículos, não abrem mão de lutar por melhorias coletivas, conquistando benefícios e, acima de tudo, fazendo avançar as relações entre capital e trabalho na fábrica.

As principais reivindicações eram aumento no piso salarial, reajuste no adicional noturno e fornecimento de vale-compra. Os funcionários conquistaram o que pediam e obtiveram outras garantias para os próximos dois anos, como a participação nos resultados (PPR) e novas cláusulas sociais no acordo.

Foi uma greve dinâmica. A cada dia surgia um fato novo que forçava os trabalhadores que estavam do lado de fora da fábrica, na luta, a se unirem ainda mais e renovarem a coragem e a disposição para seguir em frente até atingir seu objetivo, que era elevar o patamar de remuneração e direitos na Toyota em Sorocaba.

Nos dias de paralisação, houve negociações frustradas por falta de proposta da empresa; intimidação por parte da chefia; imposição do famigerado “interdito proibitório” da Justiça para inibir as manifestações sindicais; quebra do acordo de pacificação com a polícia (por iniciativa da empresa); uma proposta de acordo rejeitada; funcionários que abandonavam a luta, entre outros obstáculos.

O acordo

Enfim, após mais de duas semanas de paralisação, no último dia 18, os funcionários aprovaram uma proposta de acordo negociada entre o Sindicato e a Toyota e voltaram ao trabalho no final da tarde. O acordo, amplamente divulgado pela imprensa no final de semana, prevê as garantias resumidas a seguir.

Os dias de greve não serão descontados dos salários. Os funcionários vão compensar esses dias com trabalho aos sábados. Eles terão até março de 2014 para compensar as horas.

O acordo também garantiu estabilidade no emprego por 90 dias para todos os 1.500 trabalhadores da Toyota em Sorocaba.

Com o acordo, o piso salarial na fábrica passa de R$ 1.560 para R$ 1.654. O adicional noturno terá reajuste em janeiro de 2014, passado de 20% para 25% sobre a hora normal. O vale-compra, que também será implantado em janeiro, será de R$ 184.

A data-base, ou campanha salarial, dos metalúrgicos é outro tema previsto no acordo. Os metalúrgicos da Toyota garantiram a reposição integral da inflação, medida pelo INPC, e mais um aumento real de 2% em 1º de setembro de 2014 e de 2015.

Participação nos resultados

Outra conquista com o acordo foi um Programa de Participação nos Resultados (PPR) de R$ 7 mil por funcionário em 2014. Em 2015 já está garantido também um PPR de R$ 7 mil mais a reposição da inflação e mais 2% de aumento real. Esses valores equivalem a 100% das metas atingidas. Caso as metas sejam superadas, o valor do PPR aumenta.

Com a previsão do PPR, reposição da inflação e aumento real para dois anos, não será mais negociado abono no período de campanha salarial. Para o Sindicato, essa medida é benéfica, pois o abono acaba desviando a atenção de conquistas permanentes, como valorização dos salários e direitos efetivos.

Cláusulas sociais

O acordo aprovado dia 18 também prevê três cláusulas de benefícios sociais.

As funcionárias da Toyota que tiverem filhos de até 18 meses de idade terão direito a um auxílio creche de R$ 596,20 se utilizarem creches credenciadas. Caso não puderem comprovar a despesa com creche, mas tiverem filhos pequenos, terão um auxílio de R$ 330,80.

O acordo também formaliza a complementação de auxílio doença pago pela empresa. Quando o trabalhador tiver que se afastar pelo INSS a Toyota paga a diferença entre o benefício pago pela seguridade social e o salário que ele recebe na fábrica, pelo prazo de 120 dias.

Já a licença paternidade na Toyota de Sorocaba passa de 5 para 7 dias corridos, inclusive em casos de adoção.

Mas também houve demonstrações de unidade entre os trabalhadores e manifestações de apoio à greve, vindas da própria categoria metalúrgica e de vários outros segmentos. Nas redes sociais, os operários da Toyota que participaram do movimento foram tratados como “guerreiros”.

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