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Prêmio de até R$ 8 mil evita greve na Toyota

Um acordo que prevê de R$ 7,3 mil até R$ 8 mil de prêmio para cada trabalhador evitou uma greve na Toyota de Sorocaba esta semana. A proposta de acordo foi aprovada na tarde desta sexta-feira, dia 14

Imprensa SMetal
Foguinho/ Imprensa SMetal
Cerca de 80% dos trabalhadores da Toyota aprovaram a proposta durante a assembleia na porta da empresa

Cerca de 80% dos trabalhadores da Toyota aprovaram a proposta durante a assembleia na porta da empresa

Um acordo que prevê de R$ 7,3 mil até R$ 8 mil de prêmio para cada trabalhador evitou uma greve na Toyota de Sorocaba esta semana. A proposta de acordo foi aprovada na tarde desta sexta-feira, dia 14, em assembleia liderada pelo Sindicato dos Metalúrgicos. No início desta semana, o Sindicato protocolou um aviso de greve na empresa, que dava respaldo legal para iniciar a paralisação na fábrica. O motivo era o baixo valor de participação nos resultados oferecido pela empresa.

O acordo aprovado nesta sexta inclui o pagamento de um Programa de Participação nos Resultados (PPR) e de um abono salarial, além da garantia de uma política salarial interna que prevê aumento real de salário de 4% nos próximos 12 meses.

Até a semana passada, após várias negociações, a empresa oferecia pagar apenas R$ 3,3 mil reais de participação nos resultados, sem abono.

Com o acordo aprovado hoje, todos os trabalhadores da Toyota vão receber R$ 6.360 no dia 20 deste mês, a título de primeira parcela do pacote negociado com o Sindicato. A segunda parcela, que dependerá do cumprimento de metas, será paga em dezembro e vai variar de R$ 1 mil a 1,8 mil por funcionário.

Quem entrou na empresa depois de janeiro deste ano vai receber valores proporcionais ao tempo de serviço. A Toyota de Sorocaba foi inaugurada há menos de um ano, em agosto de 2012.

Antes da votação, o Sindicato distribuiu aos trabalhadores um informativo detalhando cada item do pacote.

Valores do acordo

Os valores exatos do acordo, somando as duas parcelas, são: R$ 7.360 caso 100% das metas sejam atingidas; R$ 7.760 com 110% das metas; e R$ 8.160 com 120% das metas.
Tomando o valor médio do pacote como exemplo, que é de R$ 7.760, o prêmio é composto por R$ 4.400 de participação nos resultados, R$ 2.900 de abono e R$ 460 referentes a uma gratificação inclusa na política salarial da empresa.

Com essa gratificação, porém, na data-base da categoria, que será dia 1º de setembro, os funcionários vão receber somente a reposição da inflação nos salários, estimada em 7,7% pelo INPC. Não haverá aumento real na data-base.

Mas a política salarial da Toyota aprovada hoje garante índices de aumento real em outros meses, que não o da data-base. Cada funcionário terá direito a 2% de aumento no salário a cada seis meses a partir de agora até daqui a 12 meses. Isso representa um aumento real de 4% no prazo de um ano.

Aprovação de 80%

Cerca de 80% dos trabalhadores da Toyota aprovaram a proposta durante a assembleia na porta da empresa. “Esses 20% de rejeição servem para deixar bem claro para a Toyota que os trabalhadores estão insatisfeitos com vários problemas dentro da fábrica. Mesmo os 80% que votaram a favor, deram como resolvida só a questão do PPR, não as várias outras reivindicações que eles têm”, afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato.

Entre essas reivindicações Terto destaca a implantação de um plano de cargos e salários que realmente eleve o patamar salarial na montadora. Atualmente a média salarial da Toyota Sorocaba é de R$ 2.040 na produção.

Com os salários de gerentes e pessoal administrativo, a média sobre para R$ 2.770.

“Além de melhorar os níveis salariais, a Toyota também precisa reduzir as exigências de horas extras, aumentar o valor do adicional noturno, fornecer vale compra aos funcionários, entre outras melhorias que constam em uma pauta de reivindicações que protocolamos na empresa em abril deste ano”, ressalta o dirigente sindical.

Toyota em Sorocaba tem cerca de 1500 trabalhadores ( Foto: Foguinho/ SMetal)

Negociações tensas

No início das negociações sobre PPR, em abril, a Toyota ofereceu R$ 2,2 mil de PPR, que foi rejeitado de imediato pelo Sindicato e pela comissão interna de funcionários que participa das reuniões. Nas reuniões seguintes, a empresa subiu o valor para R$ 2,5 mil, depois R$ 3 mil e, por último, R$ 3,3 mil.

A proposta de PPR foi rejeitada pelos funcionários da Toyota em assembleia no último dia 4. Em plenária na sede do Sindicato no dia 8 os trabalhadores decidiram iniciar uma greve ainda esta semana caso a Toyota não aceitasse pagar pelo menos R$ 6 mil de participação.

Na segunda-feira, dia 10, o Sindicato protocolou o aviso de greve na empresa dando direito jurídico de iniciar a paralisação 48 horas depois. A greve estava marcada para começar na quinta, mas a empresa chamou o Sindicato e a comissão interna para novas negociações já na terça-feira. As reuniões tiveram sequência na quarta e ontem (quinta), cancelando a greve marcada para essa data. “As rodadas de negociações foram muito tensas mas, ainda na quinta-feira, terminamos de ser construir, com a empresa e a comissão interna de PPR, a proposta aprovada hoje pelos trabalhadores”, explica Terto.

“Não foi o papel de aviso de greve que fez a empresa voltar a negociar, foi a mobilização dos trabalhadores. A Toyota viu claramente que os trabalhadores iam entrar em greve mesmo”, afirma Terto. “Contamos com a mesma mobilização para negociar as várias outras reivindicações pendentes na Toyota”, conclui.

Inaugurada em agosto do ano passado, a unidade da Toyota em Sorocaba tem cerca de 1.500 trabalhadores e produz o modelo Étios. A previsão inicial de produção é de 70 mil carros por ano, podendo chegar a 200 mil conforme a demanda.

Antes da votação, trabalhadores receberam informativo do Sindicato detalhando cada item da proposta ( Foto: Foguinho/ SMetal)

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