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Editorial

Portas fechadas: Sem chaves à vista, resta abri-las à força?

Neste editorial da Folha Metalúrgica, a diretoria do SMetal reflete sobre o acesso à cargos e funções pelas mulheres na indústria e afirma compromisso com a luta das companheiras; leia mais

Imprensa SMetal
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Categoria metalúrgica é formada por 42 mil trabalhadores, sendo que 19,29% são mulheres

Categoria metalúrgica é formada por 42 mil trabalhadores, sendo que 19,29% são mulheres

“Lugar de mulher é onde ela quiser”. Essa é uma famosa frase utilizada para defender o acesso das mulheres aos mais variados espaços da sociedade. Uma importante afirmação no enfrentamento ao preconceito e a discriminação.

Elas precisam dizer esta frase por vários motivos. Uma mulher não podia votar até 1934, as casadas não podiam trabalhar sem autorização do marido até 1962 e, entre 1941 e 1983, elas foram proibidas até de praticarem profissionalmente esportes descritos pela lei como “incompatíveis com as condições de sua natureza”.

No Brasil, durante muito tempo, o que iria determinar se você teria ou não direitos básicos como votar, trabalhar e estudar, era o seu gênero de nascimento. Apesar de inúmeros avanços conquistados pelos movimentos sociais femininos, algumas portas permanecem fechadas. Sem chaves à vista, resta abri-las à força?

Um levantamento da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região traz alguns dados sobre a participação da mulher na indústria metalúrgica. Atualmente, a base do SMetal é formada por 42 mil profissionais, sendo que 19,29% são mulheres.

Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), organizados pelo Ministério do Trabalho. A plataforma identificou 707 profissões no ramo e, em 356, não há mulheres no posto de trabalho. Isso significa que mais da metade das ocupações não contam com o público feminino. Engana-se quem pensa que se tratam, somente, de funções pesadas ou, como se diria em um passado tenebroso “incompatíveis com as condições de sua natureza”.

Diretor financeiro; diretor de planejamento estratégico; mecânico de manutenção de automóveis motorista de carro de passeio e pintor de veículos e reparação, são alguns exemplos em que não foram identificadas mulheres. Dados como esses, repercutindo a realidade de 2023, assustam. Isso porque é certo que as mulheres têm qualificação para esses cargos, o que fica de questionamento é a razão pela qual elas ainda não conseguem esses trabalhos.

O SMetal e o Coletivo de Mulheres da entidade, acreditam e defendem a paridade e equidade de gênero no mercado de trabalho. Mais do que isso. O Sindicato luta para que, em um futuro não muito distante, essa seja uma pauta superada. Para que as metalúrgicas–e todas as mulheres trabalhadoras–possam encontrar portas abertas e que usar a força seja preciso apenas na hora de avançar.

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