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Editorial

Perguntas da classe trabalhadora

Confira o editorial desta edição que fala sobre a necessidade de ouvir, ler e desconfiar dos veículos de comunicação que encobrem casos como o da lista da Odebreacht e o apoio da FIESP ao golpe

Imprensa SMetal
Arte: Lucas Delgado/Imprensa SMetal

No momento atual de luta de classes acirrada vale fazer uma releitura dos poemas de Bertold Brecht (1898-1956), dramaturgo alemão que, além de escrever poemas e peças de teatro, manteve toda uma militância artística para denunciar o estrangulamento das relações humanas pelo sistema capitalista.

Uma ode a Brecht, no sentido de homenagem, faz-se necessária em tempos de fortes manipulações midiáticas e jurídicas, pelas quais vêm à tona um projeto elitista de sociedade, mas mascarada por discursos de juristas e políticos transformados em “salvadores da pátria”.

Mais do que nunca é preciso discernimento para ouvir, ler e desconfiar. Os grandes meios de comunicação estão totalmente atrelados ao projeto do impeachment, que visa tirar Dilma e Lula do caminho e, assim, pôr fim imediato à Operação Lava-Jato.

Recentemente veio à tona uma lista com mais de 200 nomes de políticos que a empreiteira Odebrecht tinha sob mira para pagamento de propina. A lista foi censurada pelo juiz curitibano Sérgio Moro porque contém nomes como Aécio, Serra (PSDB) e outros do ninho conservador/elitista. Não consta Dilma na lista, mas querem o impeachment. Mesmo sem argumentos, sem base legal, sem provas.

O Jornal Nacional, que dedica grande parte de seu noticiário para acusar e propagandear delações premiadas que apontam para nomes do PT, se calou na noite da divulgação da lista. O apresentador Bonner fez o papel ridículo de tentar explicar os motivos de não mencionar os principais nomes dos envolvidos com a Odebrecht.

A que projeto a Globo está atrelada? Por que a FIESP distribui filé mignon aos manifestantes pró-impeachment? Como no poema de Bertold Brecht “Perguntas de um trabalhador que lê”, que continua atual, é preciso questionar. O poema cita que nos livros quem construiu Tebas foram os reis, mas foram os reis que carregaram as pedras?

Atualizando para o contexto de hoje, perguntamos: Aécio, Eduardo Cunha, Paulo Skaf, levantam a bandeira do “fora corrupção”, mas eles são os exemplos? Será que por trás do Pato da FIESP não estão interesses gananciosos como o de precarizar o trabalho e desregulamentar as leis da CLT para se aumentar os lucros dos industriais?

Por que eles também não cobram investigação e punição para todos da lista da Odebrecht? A empresa laranja da empreiteira é a Leroyz de Caxias, que na campanha política de 2010 financiou R$ 8,5 milhões ao PMDB e R$ 4,5 milhões ao PSDB. No todo, os pagamentos feitos pela Odebrecht atingiram 16 partidos, 47 políticos, como Cunha (PMDB) e Alckmin (PSDB), em 16 estados.

Mas por que a Globo esconde isso de você? Por que o Moro esconde isso de você, por meio de censura à lista? São perguntas de trabalhadores comprometidos com o Estado Democrático de Direito.

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