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Campanha Salarial 2024

Pela 1ª vez em dez anos, metalúrgicos garantem aumento real por dois anos seguidos

Considerando que todo aumento real igual ou inferior a 0,5% é considerado um ‘arredondamento’, os dois últimos anos que tiveram aumento real seguidos nos salários foram para o biênio de 2013 e 2014

Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Freepik

Durante os governos de Lula e Dilma, entre 2003 e 2016, acumulou-se um aumento real de 34,15%.

Pela primeira vez em dez anos, metalúrgicos garantem aumento real por dois anos seguidos, considerando as Campanhas Salariais de 2023 e 2024, negociadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). Neste ano, a categoria conquistou, em grande parte, a  ampliação e renovação das cláusulas sociais, a reposição da inflação acumulada desde a última data-base e o aumento real de cerca de 1,2% nos salários. 

Considerando que todo aumento real igual ou inferior a 0,5% é considerado um ‘arredondamento’, os dois últimos anos que tiveram aumento real seguidos nos salários foram para o biênio de 2013 e 2014.

Para o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, esse é o resultado de um conjunto de ações organizadas pelo Sindicato, que permitiram que a categoria garantisse o aumento de seu poder de compra.

“Trabalhamos intensamente para garantir esses índices de reajuste. Desde o ano passado, temos avançado nas condições econômicas do país e, nada mais justo, que a categoria seja reconhecida e valorizada por seu trabalho”, afirma Silvio.

Em 2023, os acordos foram negociados individualmente, e alcançaram a média de 2,19% de aumento real nos salários. Isso porque os grupos patronais não apresentaram, na época, propostas que contemplassem a categoria nas negociações coletivas junto à Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP).

Confira aqui a linha do tempo das negociações da Campanha Salarial 2024.

Governos comprometidos com os trabalhadores

A série histórica dos aumentos salariais dos metalúrgicos representados pelo SMetal, levantada pela subseção dos metalúrgicos de Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), demonstra que os reajustes estão relacionados às políticas aplicadas durante os governos progressistas, como demonstra o infográfico a seguir.

Durante os governos de Lula e Dilma, entre 2003 e 2016, acumulou-se um aumento real de 34,15%. Já entre os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o acumulado foi apenas de 1,98%. 

O presidente do SMetal, Leandro Soares, ressalta que, portanto, eleger governos com compromisso com os trabalhadores é fundamental para melhorar as condições de vida e de trabalho.

“Os governos Lula e Dilma priorizaram o investimento na indústria e o desenvolvimento que, além de gerar empregos, eleva o patamar do consumo, da produção e, portanto, dos lucros, que devem impactar no salário do trabalhador”, afirma Leandro, que completa: “lembrando que os reajustes salariais dependem de negociações sindicais, fazendo com que sindicatos fortes sejam igualmente necessários para garantir conquistas como esta”.

Inflação e aumento real

O economista do Dieese, Felipe Duarte, explica que outro fator que influencia no índice de aumento real é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para calcular variações no custo de vida das famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, por isso, é um índice muito importante para os trabalhadores, com recorte para despesas necessárias como alimentação, transporte, habitação e educação, por exemplo. 

Os resultados do INPC revelam se os preços de bens e serviços sofreram inflação ou deflação de um mês para o outro, ou seja, se aumentaram ou diminuíram de preço. Isto é, governos que se preocupam mais com o controle inflacionário, permitem com que o poder de compra dos trabalhadores seja mantido.

Ou seja, por mais que os índices de aumento salarial sejam altos em determinados anos, isso apenas demonstra que a inflação estava alta. O que conta efetivamente é o percentual de aumento acima da inflação, chamado de aumento real.

“Aumento real significa que o reajuste foi superior a inflação. Se o reajuste for igual a inflação, o trabalhador, teoricamente, volta a ter o mesmo poder de compra de 12 meses atrás”, completa o economista.

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