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Campanha salarial

Paralisações mobilizam mais de cinco mil metalúrgicos

Mais de cinco mil metalúrgicos de pelo menos sete empresas de Sorocaba atrasaram a produção em várias horas nesta quarta-feira, dia 18, para protestar contra a falta de propostas dos grupos patronais

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

A tarde, metalúrgicos se concentraram no Parque Tecnológico de Sorocaba, próximo à Toyota

Mais de cinco mil metalúrgicos de pelo menos sete empresas de Sorocaba atrasaram a produção em várias horas nesta quarta-feira, dia 18, para protestar contra a falta de propostas dos grupos patronais do setor. Os metalúrgicos estão em campanha salarial e a data-base da categoria venceu no dia 1º de setembro. Mas os patrões se negam a atender às reivindicações coletivas dos trabalhadores.

As manifestações em Sorocaba nesta quarta aconteceram em dois períodos. De manhã, cerca de 3.500 trabalhadores da Flextronics e da Case New Holland (CNH) se concentraram na avenida Jerome Case, em frente à fábrica da CNH, na zona industrial, onde permaneceram das 5h15 às 8h15. Os atrasos de produção nas duas empresas duraram até três horas, dependendo do horário de entrada de cada turma.

No período da tarde, a manifestação teve a adesão de 1.500 trabalhadores da Toyota e de pelo menos quatro sistemistas [fornecedoras] da montadora: Scórpios, TT Steel, Kanjiko e Sanoh. A concentração aconteceu no Parque Tecnológico de Sorocaba, que fica na avenida Itavuvu, zona norte de Sorocaba, nas proximidades da Toyota. O protesto atrasou a produção em cerca de duas horas, das 16h às 18h.

Novos protestos podem acontecer a qualquer momento, até que os grupos patronais atendam as reivindicações da categoria (veja quadro).

Sem horas extras

A direção do Sindicato pede aos metalúrgicos que não façam horas extras nos próximos dias, a fim de evitar que as empresas acumulem estoques de produtos.

“Devemos lutar juntos para que os empresários de Sorocaba vão até os grupos patronais, na Fiesp [Federação das Indústrias de SP] e exijam a apresentação de propostas coletivas de reajuste e garantias da Convenção Coletiva”, afirma João de Moraes Farani, dirigente do Sindicato em Sorocaba e também da FEM/CUT.

No caso da Toyota, além da campanha salarial, o protesto desta quarta também foi motivado por uma série de pendências específicas, como baixo adicional noturno, falta de vale-compra e valorização dos pisos salariais.

Categoria unifica protestos por acordos coletivos

Os protestos em Sorocaba nesta quarta-feira foram sincronizados com manifestações de metalúrgicos de outras regiões, que também estão em campanha salarial, como São Bernardo do Campo, Salto e São José dos Campos.

Além dos 14 sindicatos filiados à Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM), como é o caso de Sorocaba, também as bases metalúrgicas ligadas a outras duas centrais, a Intersindical e a Conlutas, estão atuando juntas nesta campanha salarial.

A decisão de somar esforços para pressionar os patrões metalúrgicos foi tomada em reunião nesta terça-feira, dia 17. Todos exigem que os patrões apresentem propostas de acordos coletivos para a categoria, e não por fábrica.

Alguns dos sindicatos ligados à FEM/CUT são o de Sorocaba, ABC, Salto, Itu, Cajamar, Taubaté, entre outros. Os metalúrgicos filiados à Intersindical são de Campinas, Limeira e Santos; já o sindicato da categoria em São José dos Campos é filiado ao Conlutas.

Ao todo, são 360 mil metalúrgicos no estado representados pelas três centrais. As reivindicações unificadas nesta campanha salarial são o aumento real de salários, a redução da jornada e o arquivamento do Projeto de Lei 4330, que está tramitando no Congresso Nacional e que prevê a ampliação das terceirizações nas empresas.

Patrões têm até sexta para apresentar propostas

Diante das negociações emperradas, a FEM/CUT protocolou avisos de greve junto aos grupos patronais na última segunda-feira, dia 16. Esses documentos deram respaldo legal para que a categoria inicie paralisações por tempo indeterminado a qualquer momento.

Os sindicatos filiados à Federação, como Sorocaba, também estão entregando comunicado de greve diretamente às empresas a fim de reforçar a legalidade de eventuais greves. As centrais Conlutas e Intersindical também tomaram a mesma providência esta semana.

Juntas, as centrais anunciam que se não houver propostas de acordos coletivos dos grupos patronais até sexta-feira, dia 20, as empresas metalúrgicas do estado vão parar por tempo indeterminado.

Reivindicações

As principais reivindicações dos metalúrgicos da FEM este ano são a reposição integral da inflação, aumento real no salário, valorização dos pisos salariais, redução da jornada de trabalho sem redução de salário e ampliação e unificação dos direitos na Convenção Coletiva de Trabalho.

O período de cobertura da campanha salarial é de 1º de setembro até 31 de agosto do ano seguinte. A inflação do período, medida pelo INPC/IBGE, está acumulada em 6,07%.
Os grupos patronais ofereceram até agora somente a inflação e menos de 1% de aumento real. Alguns setores querem ceder aumento real somente em 2014. A FEM rejeitou as propostas patronais.

Reunião de metalúrgicos no Parque Tecnológico nesta quarta foi inédita; local fica próximo da Toyota e foi inaugurado em 2012 (Foto: Foguinho/ Imprensa SMetal)

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