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Para resgatar a vocação para conquistas

O editorial desta semana fala que para mantermos as conquistas trabalhistas adquiridas nas campanhas salariais e os direitos conquistados ao longo dos anos precisamos de unidade da classe trabalhadora

Imprensa SMetal
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‘Dessa unidade dependen, inclusive, o resultado da campanha salarial dos metalúrgicos’

As ameaças e pressões sociais e trabalhistas vividas por todos hoje não eram imprevisíveis. Não foram poucos os que alertaram que a onda golpista favorecia a direita, o conservadorismo, a perda de direitos básicos conquistados nas últimas décadas.

Hoje, o governo ilegítimo de Temer e seus instrumentos de manipulação da opinião pública querem fazer parecer normal retirar direitos da população enquanto preservam os privilégios da classe que sempre acumulou para si as riquezas do Brasil.

Mas, mais do que reconhecer o equívoco, aqueles que defenderam o golpismo precisam mudar nitidamente de postura e passar a defender a unidade da classe trabalhadora. Dessa unidade dependem os direitos atuais e das futuras gerações.

Dessa unidade depende, inclusive, o resultado da campanha salarial dos metalúrgicos.

Não é nos recolhendo, como presas assustadas, que vamos frear o desmonte das garantias sociais e dos serviços públicos. Não é nos enclausurando no individualismo egoísta, atemorizados e desagregados, que vamos evitar o desemprego e as perdas salariais.

Os mais novos ou menos informados, crédulos em mídias da direita, talvez não saibam, mas os metalúrgicos ajudaram a reconduzir o Brasil para a democracia por meio das lutas coletivas dos anos 70 e 80. Nossa categoria também contribuiu na formulação da Constituição Cidadã, de 1988, que a direita hoje quer exterminar.

Os trabalhadores muito novos talvez nem se lembrem de um passado muito mais recente: dos 12 anos seguidos em que nossas campanhas salariais conquistavam, todo ano, além da reposição da inflação, o aumento real de salários.

Além de avanços salariais, até recentemente conquistávamos também manutenção e ampliação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva. Cláusulas essas que os patrões atualmente, alicerçados nas medidas retrógradas do governo federal, também tentam eliminar.

Por descuido e empolgação com ondas conservadoras, perdemos tudo isso e a ameaça agora é de retrocesso. O atenuante para o cidadão comum é que opinião pública nenhuma passa impune pelo massacre contra Lula, Dilma e o PT conduzido pelos veículos de comunicação da direita nos últimos anos.

O governo petista errou? Sim. Houve membros do governo que mereceram punição? Sim. Mas nunca um governo foi tão investigado como o de Lula e Dilma, embora vários outros anteriores tenham cometido erros muito mais graves, mais frequentes e mais volumosos. Mas só as administrações petistas foram punidas.

Governos anteriores contavam com apoio da mídia elitista e com a omissão de procuradores e magistrados que hoje posam de heróis diante dos holofotes que a direita manda sobre eles.

O resgate de uma era de conquistas passa pelo reconhecimento de que erramos ao acreditar em agentes e instrumentos de uma classe que não é a nossa. Passa pela admissão de que fomos induzidos ao ódio, à intolerância e ao individualismo selvagem por uma estrutura paralela de poder que hoje nos sufoca e nos pressiona a aceitar perder tudo o que conquistamos como classe trabalhadora.

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847 Campanha Salarial ediçao Editorial folha Imprensa SMetal metalúrgica Sorocaba
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