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Editorial

Palavra da Diretoria- A estadista Dilma

Editorial da Folha Metalúrgica n° 724 destaca posicionamento de Dilma Roussef, perante as recentes descobertas de espionagem norte americanas no Brasil, e demonstração de não submissão do país

Imprensa SMetal

Durante discurso de abertura da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, nesta terça-feira, dia 24, a presidenta Dilma Rousseff (PT) mostrou ao mundo que o Brasil é, sim, governado por uma estadista e defendeu a necessidade de criação de um marco civil multilateral que garanta uma efetiva proteção para o uso da internet.

Dilma aproveitou parte de seus 23 minutos de pronunciamento para lembrar que as revelações sobre as atividades de espionagem eletrônica, recentemente divulgadas em documentos obtidos pelo jornalista Edward Snowden, provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial.

No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois dados pessoais de cidadãos e da própria presidenta da República foram indiscriminadamente objeto de interceptação.

Sem meias-palavras, a presidenta declarou que não se sustentam os argumentos dados pelo governo norte-americano, de que a interceptação ilegal de informações e dados obtidos ilegalmente destinou-se a proteger as nações contra o terrorismo, “pois o Brasil é um país democrático que repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas”, lembrou a presidenta, destacando que o Brasil já exigiu dos Estados Unidos explicações, desculpas e garantias que tais procedimentos não se repetirão.

Além das críticas, Dilma foi também propositiva e enfatizou que o momento é oportuno para que a comunidade internacional crie condições a fim de “evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países”.

Por fim, ao apontar taxativamente que ações ilegais de espionagem “são inadmissíveis”, a presidenta brasileira alertou a comunidade internacional que a invasão e captura de informações sigilosas relativas às atividades empresariais, como a Petrobras, se trata de um caso grave de violação dos direitos humanos, das liberdades civis e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional.

A mensagem de Dilma, clara e direta, foi dada na hora exata e, principalmente, no lugar exato. Entretanto, como ensina o experiente jornalista Mauro Santayana, a diplomacia é uma atividade estratégica e emblemática, na qual o simbolismo, a atitude e o gesto são muitas vezes mais importantes do que as palavras. Exemplo disso já foi demonstrado na semana passada, pelo próprio cancelamento da visita de Estado de Dilma ao presidente Obama, em Washington.

Apesar de não dito, outro gesto importante de Dilma demonstrado claramente na Assembleia-Geral da ONU é a não submissão do Brasil aos EUA. Não se trata de antiamericanismo, mas da coragem de uma estadista de conclamar a comunidade internacional a criar regras capazes de frear a arrogância, a infiltração e a prepotência dos Estados Unidos.

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