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Resistência

“Nossa democracia está diante do fascismo”, alerta presidente do SMetal sobre atos golpistas

Após 60 anos do golpe militar no Brasil, país ainda sofre ameaças antidemocráticas

Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Marcelo Camargo/Agência Brasil

No dia 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram os prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Entre os dias 31 de março e 1º de abril de 2024 o Brasil relembra os 60 anos do golpe cívico-militar que marcou profundamente a história do país. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, alerta que ainda hoje a democracia brasileira está diante do fascismo, lembrando da invasão aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

“A nossa democracia vem sofrendo ataques constantes. Tanto o Manga, quanto o Bolsonaro representam o fascismo. A última eleição deixou muito claro que, de um lado os que defendiam o fascismo e a ditadura, e de outro a frente democrática, que foi a vencedora”.

Leandro ressalta a necessidade da classe trabalhadora seguir organizada e se articulando, para que nunca mais haja uma ditadura no Brasil. “Vamos lutar sempre para que nunca mais isso aconteça no nosso país. Esperamos seguir com essa grande frente democrática que foi construída em 2022, e que ela se fortaleça cada vez mais”, ressalta o presidente.

O presidente do SMetal faz alusão às vezes que o ex-presidente Jair Bolsonaro reivindicou a ditadura militar, como por exemplo, quando homenageou Carlos Alberto Brilhante Ustra – militar que foi condenado por tortura apenas após a sua morte – durante a votação do Impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016. 

Já o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, por exemplo, compareceu a manifestações em Sorocaba, que questionava a legitimidade das eleições de 2022, convocadas pelo movimento bolsonarista.

Metalúrgicos na história

A categoria metalúrgica fez parte, e em alguns momentos foi protagonista, da luta contra a Ditadura Militar no Brasil. Seja através das grandes greves, ou do trabalho de base dentro das fábricas, a história do SMetal se entrelaça com a luta democrática.

“Foi um processo de luta intenso em defesa da democracia e o enfrentamento ao Estado. Se não fosse a unidade do movimento sindical, a sociedade organizada, nós não teríamos retomado a democracia para o nosso país”, afirma Leandro.

O livro “Companheiros: A hora e a vez dos metalúrgicos de Sorocaba”, de Carlos Araújo, que relata a história do SMetal,  conta que a greve da Scania, no ABC, em 1978, passou a ser um símbolo da luta e resistência contra a ditadura militar e que, com o passar do tempo, foi se espalhando pela categoria.

“Na primeira semana de 1978, os trabalhadores da Faço II fizeram uma greve de três dias por aumento salarial. Foi um momento que entrou para a história dos metalúrgicos, principalmente porque foi a primeira paralisação da categoria após o golpe militar de 1964”, afirma o livro sobre as lutas em Sorocaba, na página 72.

Entre muitos metalúrgicos que lutaram, pode-se citar o exemplo de Antonio Torini, que trabalhava na Volkswagen, preso em 1972, e passou por 49 dias de tortura no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) ou de Lúcio Bellentani, que no mesmo ano, relatou ter sido torturado dentro da própria fábrica onde trabalhava. 

Outro exemplo é de Santo Dias, que foi assassinado a tiros pela polícia durante em um piquete na fábrica onde trabalhava, em 1979, desencadeando uma manifestação com 30 mil pessoas, em São Paulo, contra a repressão

As empresas fizeram parte dos jogos de interesses da ditadura. Por exemplo, em 2020, a Volkswagen assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assumindo ter colaborado com a ditadura militar. 

Memória, verdade e justiça

Em 2014, a Câmara Municipal de Sorocaba instalou a Comissão Municipal da Verdade “Alexandre Vannucchi Leme”, que investigou através de depoimentos, os crimes cometidos pelos militares na cidade.

O dirigente do SMetal, Izídio de Brito, durante seu mandato de vereador presidiu a comissão, e afirma que essa iniciativa foi importante para resgatar a verdade sobre o que aconteceu.

“Tivemos muitos familiares que perderam seus entes queridos e ficaram com sequelas. É muito importante resgatar a memória de quem lutou contra esse regime e lutar por justiça”, recorda Izidio. 

Confira alguns depoimentos de mulheres violentadas no regime militar

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