As negociações trabalhistas feitas em março, segundo atualização do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mantêm a situação desfavorável de maioria dos acordos salariais abaixo da inflação. Praticamente 40% das campanhas acompanhadas no primeiro trimestre foram fechadas com reajuste inferior à variação do INPC-IBGE, indicador usado como referência no setor. Foram 31% equivalentes à inflação e 29% acima. Na média, a variação real dos reajustes é de -0,49%.
Os resultados foram um pouco melhores na indústria, setor em que os acordos acima do INPC representaram 33,7% do total. No comércio, mais da metade (53%) das negociações tiveram reajuste equivalente à inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Nos serviços, predominam os acordos com perdas (44%).
Inflação segue em alta
Apenas em março, segundo o Dieese, o resultado foi pior: 52% dos acordos salariais ficaram aquém da inflação. Apenas 14% das negociações tiveram ganho real. Em fevereiro, foram 55% acordos abaixo do INPC. A variação média em março foi de -0,50%, ante -0,97% no mês anterior. Mesmo com inflação crescente, só 5,6% dos acordos previam parcelamento do reajuste.
A alta inflacionária segue sendo um desafio para sindicatos, trabalhadores e campanhas salariais. Para categorias com data-base em janeiro, o reajuste necessário era de 10,16%. Subiu para 10,60% no mês seguinte, 10,80% em março e agora está em 11,73%. Em abril do ano passado, estava em 6,94%.
Metalúrgicos terão desafios pela frente
A data-base da categoria metalúrgica é 1º de setembro de cada ano. Até agora, desde a última Campanha Salarial, os trabalhadores já somam cerca de 7,54% em perdas salariais. Isso significa que, em sete meses, o salário reajustado pelas negociações do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) já não compra mais os mesmos itens que comprava à época.
“Diante desses dados, cabe dizer que o ano de 2022 será de muitos desafios. Vamos precisar mobilizar para conquistar”, comenta o presidente da entidade, Leandro Soares.
O líder metalúrgico recorda que em 2021 o SMetal esteve na contramão do país quanto às negociações salariais. Isso porque, de acordo com o Dieese, 56% dos reajustes da data-base de setembro ficaram abaixo da inflação no pais. “Nas empresas que compõem a base do SMetal, nenhum trabalhador saiu perdendo. Negociamos reajustes que cobrissem integralmente a inflação do período e que, em alguns casos, até representou aumento real”, analisa Leandro.