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Nem só no pratinho do vaso estão os ovos do mosquito Aedes, adverte pesquisadora

A água acumulada nos pratinhos dos vasos de plantas é a maior lembrança quando o assunto é combate à proliferação do mosquito da dengue. Entretanto, existem outros criadouros que precisam de atenção

Rede Brasil Atual
Divulgação
Pratinhos de plantas são um dos meios de proliferação do mosquito dentro de residência, mas existem outros como; bromélias, garrafas, calhas

Pratinhos de plantas são um dos meios de proliferação do mosquito dentro de residência, mas existem outros como; bromélias, garrafas, calhas

A água acumulada nos pratinhos dos vasos de plantas é a maior lembrança quando o assunto é combate à proliferação do mosquito transmissor da dengue. Entretanto, existem muitos outros criadouros que merecem a mesma atenção, como as calhas, lajes das casas, caixas d’ água destampadas, bandejas de ar condicionado, bebedouro de animais domésticos e até mesmo nas plantas.

Segundo pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), as fêmeas do mosquito Aedes Aegypti procuram locais escuros e tranquilos para depositar seus ovos, dando preferência àqueles que tenham pelo menos uma lâmina de água. É no meio aquático que eles eclodem, dando lugar a larvas que se desenvolverão tornando-se os mosquitos que vão transmitir a doença ao picar uma pessoa contaminada. Longe da presença da água, os ovos do mosquito podem permanecer vivos, sem eclodir, por até um ano, até que surjam as condições necessárias.

“A estratégia de sobrevivência do Aedes é muito desenvolvida. Como ainda não existe vacina contra a dengue e a única forma de prevenção é o combate ao mosquito transmissor do vírus, o melhor é conhecer mais sobre ele e seus hábitos. É preciso ‘pensar’ como a fêmea que busca segurança para procriar e vasculhar todos os lugares”, diz a entomologista e pesquisadora IOC/Fiocruz, Denise Valle.

O ciclo de desenvolvimento do ovo eclodido à fase adulta é de 7 a 10 dias. Por isso, se houver vistoria semanal em todos os cantos da casa onde a fêmea pode depositar seus ovos, deixarão de nascer novos mosquitos, com redução na transmissão da doença.

Denise idealizou e coordenou um projeto de aulas já disponíveis na internet, o Aedes aegypti – Introdução aos aspectos científicos do vetor. Na série de vídeos, os pesquisadores do IOC falam, em linguagem simples, sobre o mosquito, a doença e seus impactos. “Quando se leva em conta que 80% dos criadouros dos mosquitos estão dentro das casas das pessoas, fica fácil perceber que é praticamente impossível creditar ao poder público a responsabilidade exclusiva pelo controle da doença”, destaca.

O Aedes é originário do Egito e desde o século 16 tem se espalhado pelo mundo. Os primeiros relatos de dengue no Brasil datam do final do século 19, em Curitiba, e do início do século 20, em Niterói. O que poucas pessoas sabem é que apenas a fêmea se alimenta de sangue, podendo sugar o correspondente a duas vezes o seu peso. De hábitos diurnos, porém extremamente oportunista, o mosquito não perde a oportunidade para se alimentar e pode picar suas vítimas inclusive à noite, confundindo-se com o Culex. Esse pernilongo comum, mais claro e sem as marcas brancas do Aedes, é o que atrapalha a noite de sono de qualquer um com suas picadas e zunidos agudos.

Atualmente há pesquisas para o desenvolvimento de vacinas e de barreiras biológicas para a transmissão da doença. Na série de vídeos, o pesquisador da Fiocruz Minas, Luciano Moreira, fala sobre o projeto que utiliza a contaminação do mosquito pela bactéria Wolbachia para reduzir seu tempo de vida. E o pesquisador da Universidade Federal de Sergipe Sócrates Cavalcanti apresenta experiências que buscam novos agentes para matar as larvas do mosquito.

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