O auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) esteve cheio de trabalhadoras da base na última quinta-feira, 15, para a 32ª edição do Cine SMetal, que contou com uma edição especial do Café com SMetal.
Em homenagem ao mês que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a curadoria do Cine selecionou obras que contam histórias importantes para o imaginário feminino. “Para nós, enquanto curadoria, é sempre importante pensar nos temas que circulam na nossa sociedade. Privilegiamos os filmes nacionais, como forma de propagar a nossa cultura e fortalecer o cinema brasileiro”, comenta Renata Rocha, curadora
Para Melre Almeida, operadora multifuncional da Toyota, a programação especial do Cine foi assertiva. “Para mim é muito importante, até mesmo pelo fato de ser o mês das mulheres. Proporcionar esse encontro, em que podemos trocar com outras trabalhadoras, é fundamental”, afirma. “Com essa troca a gente acaba descobrindo coisas novas que nos beneficiam, pois o Sindicato é muito importante para as mulheres pois luta por igualdade”, completa, Melre.
O Cine SMetal exibiu o filme “Que Horas Ela Volta?”, que a partir da história da empregada doméstica, Val, discute questões sociais importantes no contexto das trabalhadoras brasileiras. A obra traz as dinâmicas de poder entre Val e sua patroa, e como essas relações são complicadas pela presença da filha de Val, Jéssica, que vem do nordeste para prestar vestibular.
A narrativa destaca as disparidades sociais no Brasil, mostrando como as empregadas são frequentemente tratadas como membros inferiores da sociedade. “Jéssica, ao desafiar as normas sociais impostas, causa desconforto na família e questiona as estruturas de poder estabelecidas”, disse um dos espectadores da plateia sobre o filme.
Após a exibição, as trabalhadoras fizeram um bate-papo com a professora de história e sociologia Fernanda Fontes, do Centro Paula Souza. Ela é diretora regional de Sorocaba do Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza) e, também, participa do Comitê Popular de Luta Mulheres pela Democracia.
Durante sua intervenção, Fernanda analisou os aspectos sociais do filme para além das relações trabalhistas. A profissional destacou a história de Jéssica, a filha que desafia o lugar comum de subalternidade e, de forma corajosa, presta vestibular para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP).
A partir dessa perspectiva, a professora colocou, no centro da discussão, a importância de políticas públicas de inclusão social e permanência estudantil, levando em consideração a natureza da história de Jéssica.
Além das trabalhadoras da base do SMetal, a sessão recebeu, ainda, trabalhadoras e trabalhadores de diversas categorias, assim como estudantes da Etec.
Fabile César, esposa de dirigente sindical do SMetal, afirma que o Cine SMetal foi muito representativo. “É muito representativo estarmos juntas enquanto mulheres, ainda mais para discutir temas tão atuais que vivemos a todo momento como a desigualdade”, disse.
Sobre o Cine SMetal
O Cine SMetal, lançado em 2023 com a proposta de ampliar o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras a atividades, espaços culturais e ao cinema brasileiro, recebe apoio do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo), campus Sorocaba, e do Depois Bar e Arte.
A entrada é gratuita, mas o SMetal pede a quem puder contribuir com a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado às entidades cadastradas no Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS). A curadoria e mediação são de Renata Rocha.