
Guilherme Boulos é formado em filosofia pela USP
Em entrevista à imprensa SMetal, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), comenta sobre a perseguição política aos movimentos sociais e sobre a luta por moradia digna.
No dia 31 de março o PSDB e o DEM fizeram duas representações na Procuradoria-Geral contra Boulos, alegando incitação à violência devido à declaração do líder do movimento no dia anterior, na qual ele afirma que o Brasil não pode tolerar mais um golpe e de que haverá resistência.
Confira abaixo a entrevista:
Qual o prazo para essas representações contra você na Procuradoria-Geral?
Guilherme Boulos: O PSDB e o DEM pediram minha prisão por incitação ao crime e formação de milícia. É um absurdo completo. Eles criam um clima de ódio, violência e intimidação e nós é que estamos incitando… Agora esperamos a resposta do Ministério Público. Se houver sensatez serão arquivadas. Mas do jeito que está o judiciário pode se esperar qualquer coisa.
Essas duas representações (do DEM e do PSDB) já se apropriam da Lei Antiterrorismo, aprovada pela presidente Dilma?
G.B: Ainda não. Mas com certeza esta lei cretina será usada para a criminalização. O governo Dilma carregará esta marca.
Qual será a ação dos advogados do MTST diante essas representações?
G.B. Ainda estamos aguardando o MP se posicionar para definir a atuação jurídica nossa.
Fora essas representações o movimento tem sofrido outras formas de criminalização?
G.B.Inúmeras. Ameaças, ataques nas redes e na mídia e tentativas desesperadas de nos desmoralizar. O próprio Ministério Público está atuando neste sentido querendo inviabilizar a gestão direta dos movimentos na construção de moradias. Mas não nos intimidarão.
Qual é o panorama da falta de moradias em São Paulo? Qual o déficit? E há quanto tempo você está à frente do MTST?
G.B. No Brasil temos cerca de seis milhões de famílias sem moradia. Cerca de um milhão em São Paulo. O maior problema nos últimos anos é a especulação imobiliária violenta, que faz aumentar os aluguéis e estoura o orçamento da família trabalhadora. O MTST tem lutado contra isso há quase 20 anos. Eu estou no movimento há 15.
Guilherme Boulos é formado em filosofia pela USP, é membro da coordenação nacional do MTST e da Frente de Resitência Urbana.