Organizado desde 1995, o Grito dos Excluídos é a tradicional manifestação organizada por setores da Igreja Católica, junto a movimentos sociais e sindicais, como forma de chamar atenção para as transformações que o Brasil precisa para ser de fato independente e garantir vida digna para todas as pessoas, com justiça social, acesso a direitos fundamentais, equilíbrio econômico e desenvolvimento da ciência e tecnologia.
Com o lema permanente “Vida em primeiro lugar”, a articulação busca promover a esperança de um mundo melhor. O tema do Grito deste ano é “Você tem fome e sede de quê?” e levanta a questão da fome e da sede, que ainda é latente e prevê manifestações em todas as regiões do país
Combate à fome e à sede
Segundo os organizadores da manifestação, o lema anual do Grito parte de um processo de discussão entre os articuladores do Grito, dialogando com a conjuntura política, social e econômica do país, com a luta dos movimentos envolvidos e com o tema da Campanha da Fraternidade, realizada anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Para Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metal, o combate à fome é uma pauta que o sindicato está diretamente envolvido em Sorocaba e região.
“Ações como o SMetal do Bem e nossa participação ativa no Banco de Alimentos de Sorocaba são necessários justamente por conta do problema da fome em nossa cidade, onde o poder público não chega. É inaceitável vivermos em uma cidade tão rica e tanta gente não ter acesso ao mínimo, que é o alimento e a água”.
Com relação à questão da sede, segundo o Ranking do Saneamento Básico de 2023, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável, apesar do país concentrar a maior reserva de água potável do mundo, totalizando 12%, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
“O Grito dos Excluídos” é uma manifestação que faz o contraponto da data que celebra a independência do Brasil para questionar justamente “independência para quem” e é por isso que o sindicato apoia e participa!”, finaliza Leandro.
Fome e sede de direitos
Daiane Höhn, do Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB), em coletiva de imprensa sobre o Grito nesta segunda, 4, afirma que ao longo dos 29 anos de história da manifestação, diversas pautas de defesa da população trabalhadora e mais pobre do país foram levantadas.
“São 29 anos que o Grito dos Excluídos e das Excluídas tem sido o lugar das vozes, das lutas das pessoas empobrecidas, invisibilizadas e silenciadas, por mudanças estruturais e políticas públicas”, destaca ela.
A defesa do SUS, por uma educação pública de qualidade, habitação popular, terra para a agricultura familiar, comida na mesa, tarifa de energia, água e gás a preço justo, demarcação das terras indígenas e quilombolas, segurança pública que respeite e assegure a dignidade, trabalho com salário digno, transporte eficiente e de qualidade, acesso à cultura e lazer, são algumas das bandeiras levantadas.
Dom Valdeci, Bispo de Brejo no Maranhão, ressalta a importância das mobilizações para de fato transformar a sociedade brasileira. “Essa mobilização deve se concretizar em políticas públicas, em saúde para todos. Estamos agora enfrentando a questão do Marco Temporal, que é absurda, então nós precisamos dizer que nossos irmãos, os povos indígenas, têm todo direito a seu território”.
Ele exalta a importância que o Grito dos que são excluídos possa ecoar no próximo 7 de setembro em todos os cantos do Brasil por uma sociedade mais justa e mais fraterna.