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Famílias indígenas lutam para preservar tradição em Tapiraí

37 famílias indígenas guarani-MBya foram para área de 480 hectares há cerca de dois anos, depois que a construção do Rodoanel invadiu parte do Pico do Jaraguá, terra indígena Tekoa Pyau, em São Paulo

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal
Após anos de processo contra a DERSA, famílias conquistaram o direito a essa terra em Tapiraí

Após anos de processo contra a DERSA, famílias conquistaram o direito a essa terra em Tapiraí

A situação dos povos indígenas no Brasil não tem sido nada fácil. E, desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, vem piorando rapidamente.

O relatório “Direitos Humanos nas Américas: Retrospectiva 2019”, da Anistia Internacional, divulgado nesta quinta-feira, 27, enfatiza a falha do governo federal em cumprir com sua obrigação de proteger os indígenas e destaca que as medidas tomadas por Bolsonaro aumentaram o risco para dos povos tradicionais.

Nesse cenário, 37 famílias indígenas guarani-MBya lutam para viver e preservar a tradição em Tapirí. Elas foram para uma área de 480 hectares há cerca de dois anos, depois que a construção do Rodoanel invadiu parte do Pico do Jaraguá, terra indígena Tekoa Pyau, em São Paulo.

De acordo com a pesquisadora Lucinda da Silveira Leite, que trabalha com a aldeia, conta que, desde a visita do Sindicato dos Metalúrgicos no local, no ano passado, a aldeia teve conquista.

Uma delas é um projeto previsto para começar no segundo semestre de 2019, que levar crianças para o local para visitas de estudo do meio.

No entanto, o local precisa de infraestrutura, como construção de banheiros e sistema para captação de água. “Hoje, eles estão tendo gastos de R$ 2 mil com a conta de energia para levar a água e precisa de um sistema de energia solar para melhorar isso, pensando que vai ter agricultura”, conta Lucinda.

Outro ponto importante, segundo Lucinda, é a necessidade da remoção dos eucaliptos plantados no local para recuperar a terra para o plantio. “Além disso, por eles virem de uma aldeia urbana, temos que recuperar o hábito do plantio e, assim, recuperar a autonomia alimentar”.

Desafios políticos

Lucinda lembra que nunca se teve muita política pública voltada para os povos indígenas. “Mas nunca se teve tanta política contrária aos interesses indígenas. É cada hora é uma medida provisória, um projeto de lei que destruir com as terras indígenas”.

Ela ressalta a importância do enfrentamento. “Temos que tirar esses povos da invisibilidade e, nesse cenário, o turismo vem como uma ferramenta incrível, de manutenção e resgate dos saberes ancestrais, entendendo a importância daquela cultura”. Essa aproximação, segundo ela, faz com sejam criados vínculos fundamentais para luta dos povos indígenas. “É muito mais difícil você sumir com um lugar que as pessoas conhecem”.

Doações

A aldeia guarani-MBya, que tem como líder o cacique Xeramõi, conta com doações do Banco de Alimentos de Sorocaba. As 37 famílias recebem da entidade cestas básicas e itens de higiene pessoal.

Lucinda lembra que outras doações e projetos são bem vindos. “Quem tiver condições para desenvolver projetos nas áreas ambientais, agrícola, construção civil podem entrar em contato”.

Outras doações, informações e contatos podem ser feitos pelo telefone (15) 98146-1185, com Lucinda.

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