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Em defesa da democracia

“Discutir o passado é discutir o hoje e o amanhã”, afirma Paulo Vannuchi sobre golpe militar

Jornalista, preso e torturado durante a Ditadura, participou de palestra promovida pelo SMetal e FEM-CUT/SP; Vannuchi também foi ministro dos Direitos Humanos

Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

O jornalista e cientista político foi preso e torturado pela ditadura, em 1971, quando participava do Movimento Estudantil.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), em parceria com a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), realizou nesta quinta-feira, 11, uma palestra com Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos, com o tema “Lembrar para não repetir”.

Para o jornalista,  “discutir o passado é discutir o hoje e o amanhã”, sobre a importância de lembrar o período que assombrou o Brasil com uma Ditadura Militar, de 1964 a 1985.

Leandro Soares, presidente do SMetal ressalta que esse resgate é fundamental, para que essa história não se repita, como quase aconteceu em 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram os prédios dos Três Poderes, em Brasília.“O SMetal sempre esteve na linha de frente combatendo o fascismo e a ditadura e, para nós, não existe nada mais importante do que a democracia e a liberdade”, disse Leandro.

Já o presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, incentiva que outras manifestações como esta sejam feitas, considerando que muitas pessoas ainda não conhecem essa parte da história. “As escolas não ensinaram e nós não punimos. Todo dia morre um pobre e negro, o que demonstra o quanto temos que caminhar para ter uma sociedade mais justa”, ressalta.

A palestra também contou com uma saudação do secretário de organização do SMetal, que foi vereador por dois mandatos em Sorocaba e, em 2014 presidiu a Comissão Municipal da Verdade.

“Queremos respeito ao nosso país, à nossa cidade e à nossa história. Não punimos quem deu o golpe, perseguiu e matou de 1964 para cá. A chegada da ultradireita, que quer dar outro  golpe, e esse debate passa pelo enfrentamento que vamos fazer daqui pra frente para reparar o passado”, conta Izídio.

Memória, verdade e justiça nos dias atuais

Quando foi ministro dos Direitos Humanos, Paulo participou ativamente da construção da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que impulsionou outras 100 comissões locais.

Durante a palestra, ele contou que a CNV é resultado de uma conferência, com participação de mais de 14 mil pessoas, tendo sido um processo importante para resgatar a verdade sobre os ocorridos no período da ditadura.

“Seguiremos formando novos ‘bolsonaros’ enquanto não fizermos esse movimento de repetição [da memória]”, afirmou o cientista político.

Para ele, uma das formas de evitar repetir o golpe, é promover a formação de militares desde a base das Forças Armadas, além de que se comprometam publicamente contra a tortura, que segundo ele, segue ocorrendo nas periferias do Brasil.

“Hoje não precisa de pau de arara ou choque elétrico, um saco plástico de supermercado é o suficiente para asfixiar”, relata.

Paulo contou sobre sua convivência com seu primo, Alexandre Vannucchi Leme, durante as férias que passava em Sorocaba e, depois, durante a resistência à Ditadura, quando estudavam na Universidade de São Paulo (USP). Alexandre foi torturado e morto em 1973, tendo seu corpo devolvido à família somente em 1983.

Paulo Vannuchi, um lutador

O jornalista e cientista político foi preso e torturado pela ditadura, em 1971, quando participava do Movimento Estudantil. 

Foi cofundador do Instituto Cajamar, centro de formação política e sindical e ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República entre 2005 e 2010, contribuindo com o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH).

Ao longo dos anos, dedicou-se ao assessoramento político de parlamentares e sindicatos, além da divulgação dos crimes cometidos pela ditadura militar.

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