Das fogueiras nazistas até as recentes tentativas de taxação extra por meio da equipe econômica do governo vigente, os livros podem ser alvos porque exercem uma função crítica na sociedade. Especialistas e professores alertam constantemente sobre a importância do hábito de ler como uma prática que, para além de auxiliar na expansão do vocabulário, amplifica a forma de compreender a realidade.
Por outro lado, dados nacionais apresentam um cenário desafiador para a leitura. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró Livro, mostra que o número de leitores no país caiu de 56% para 52%. Além disso, estima-se que o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano – sendo aproximadamente 2,4 livros lidos pela metade e, 2,5, inteiros.
Vários fatores podem aparecer como justificativa para este cenário: dos preços, por vezes altos, até a falta de tempo das pessoas. Em contrapartida, a pesquisa também mostra nuances positivas. Cerca de 34% dos entrevistados afirmaram que houve alguém que os incentivou a ler. A figura do professor, por exemplo, aparece em primeiro lugar como principal mediador e incentivador.
Receber uma boa indicação pode ser a porta de entrada para o mundo da leitura. Pensando nisso, alguns dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) prepararam uma lista com suas obras favoritas. Confira:
Companheiros
Carlos Araújo, Editora Loja de Ideias
Para o presidente do SMetal, Leandro Soares, uma leitura importante é ‘Companheiros – A hora e a vez dos metalúrgicos de Sorocaba’, assinada por Carlos Araújo. “Além da história do SMetal, o livro concentra muita informação e depoimentos pessoais que mostram a luta histórica do movimento sindical sorocabano”, analisa o presidente.
Em 350 páginas, o leitor poderá encontrar uma obra rica em pesquisa documental e preciosismo. Nos capítulos, memórias relembram a atuação de importantes lideranças como Wilson Fernando da Silva (Bolinha) e Carlos Roberto de Gaspari. A apresentação do livro fica por conta do ex-presidente (e líder sindical) Luiz Inácio Lula da Silva.
Fidel e a religião
Frei Betto, Editora Fontanar
“Este livro foi muito marcante para mim”, comentou Valdeci Henrique da Silva, o Verdinho. Para o vice-presidente do SMetal, ‘Fidel e religião’ é um livro interessante por abordar a questão religiosa na América Latina. Frei Betto conversou durante 23 horas com Fidel Castro, ex-primeiro-ministro de Cuba, a respeito do tema e organizou esses relatos em 344 páginas.
O trabalho ganhou notoriedade por abordar as ditaduras em território latino e expor as maldades de um regime que, por tantas vezes, atingiu religiosos que se colocaram ao lado daqueles que lutavam por democracia.
Cem anos de solidão
Gabriel García Márquez, Editora Record
O secretário de administração e finanças do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento, cita um dos grandes clássicos da literatura mundial. Para ele, ‘Cem anos de solidão’, de Gabriel Garcia Márquez, é “um relato romântico e politizado sobre as mazelas da América Latina e da vida de um modo geral”.
Os leitores são apresentados ao universo da fictícia Macondo, vilarejo de origem dos Buendías. A história se encarrega de conduzir quem lê em direção às tristezas e percalços desta família, mas também mostra que existe beleza entre a queda e a ascensão.
Tiago indica ainda outros três livros, sendo eles: ‘Veias abertas da América Latina’, de Eduardo Galeano; ‘Paraíso Perdido’, de Frei Betto; e, por fim, ‘O pequeno príncipe’ – obra prima do francês Antoine de Saint Exupéry.
O povo brasileiro
Darcy Ribeiro, Companhia das Letras
“O espantoso é que os brasileiros, orgulhosos de sua tão proclamada, como falsa, ‘democracia racial’, raramente percebem os profundos abismos que aqui separam os estratos sociais”, escreve Darcy Ribeiro na obra ‘O povo brasileiro’ indicada por Silvio Ferreira, secretário-geral do SMetal.
Silvio afirma que Darcy apresenta um trabalho relevante quando propõe questionamentos à “ordem social” vigente, expondo as desigualdades que entrecortam a sociedade do país. “A construção social do Brasil é feita da pluralidade. Este livro fala muito sobre isso de uma forma crítica”, acrescenta.
O livro de 1995 se faz atual mesmo nos dias de hoje e ainda é utilizado para estudos antropológicos e sociais em universidades e centros de formação.