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Desafio do movimento sindical é formar militância politizada, avalia cientista social

Giovanni Alves participou de painel que discutiu organização sindical e política industrial no 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT

Assessoria de Imprensa da CNM/CUT
Dino Santos

Giovanni Alves destacou importância da formação política

O maior desafio do movimento sindical é formar uma nova militância consciente e politizada. Esta foi a conclusão do doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Giovanni Alves, no painel de Organização Sindical, Política Industrial e Trabalho Decente realizado na tarde do dia 15 de abril no 9° Congresso Nacional dos (as) Metalúrgicos (as) da CUT. O evento , que ocorreu de 14 a 17 de abril, reuniu cerca de 350 metalúrgicos de todo Brasil e 70 sindicalistas de 25 países.

“A luta que enfrentamos é de classe. Devemos esclarecer os companheiros de chão de fabrica sobre o que está acontecendo no país. Precisamos formar nossos trabalhadores para que eles tenham consciência política. É necessário estudar, entender todo este processo político para responder aos ataques diários da direita conservadora. Temos que dialogar com a sociedade e com a juventude”, destacou.

O acadêmico criticou o Projeto de Lei 4330 que, segundo ele, é uma atrocidade para toda a classe trabalhadora. “O capital é predador e só quer precarizar o trabalho. Este Projeto de Lei é uma das maiores vorazes articulações do empresariado. Os deputados que votaram a favor do PL 4330 querem transformar o Brasil em uma nova China, um lugar aonde não existe condições dignas de emprego”, disse.

Alves também fez uma breve análise da conjuntura atual e afirmou que o Brasil teve a melhor experiência política nos últimos 12 anos. “Lula inaugurou um novo modelo de desenvolvimento para o país e que mudou a economia, a política e sociedade. Os indicadores de bem-estar foram transformados para melhor. O governo atual incomoda a elite política. Incomoda o capital que não quer que este país mude”, falou.

A mesa, coordenada pela diretora da CNM/CUT Cícera Michele, também contou com presença do presidente da Tribomat Indústria e gerente executivo do Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentaria do ABCD, Carlos Manoel de Carvalho, e do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres.

Carlos Manoel de Carvalho avaliou que só será possível uma sociedade equilibrada entre capital e trabalho por meio de acordos tripartites (Estado, trabalhador e empresário). “A globalização é o maior mal do mundo. A maior mentira que ouço é que o Brasil não é competitivo. O operário brasileiro ganha dez vezes menos que o alemão. Só conseguiremos reverter esta lógica do capital se os trabalhadores, empresários e Estado conseguirem construir juntos um pacto de desenvolvimento para o Brasil”, disse.

Paulo Cayres defendeu o protagonismo dos metalúrgicos na política industrial brasileira. “Não há economia consistente se não houver um desenvolvimento industrial consistente. Defendemos e queremos uma indústria forte. Emprego decente não é só aquele que tem carteira assina, é aquele que não mata, que não mutila e que não assedia trabalhadores”, destacou o presidente da CNM/CUT.

Macrossetor da Indústria

O último painel do dia discutiu a política industrial brasileira e o Macrossetor da Indústria da CUT – que reúne metalúrgicos, químicos, têxteis e trabalhadores na alimentação e construção.

Estiveram presentes na mesa de debate o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre, Paulo Cayres, a presidenta da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), Lu Varjão, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Alimentação (Contac), Siderlei de Oliveira, e o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção (Conticom), Luiz Queiroz. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV), Cida Trajano, não pode comparecer ao evento por motivos de saúde.

Para Sérgio Nobre, nenhuma nação conseguiu avançar em termos de políticas públicas e sociais sem ter uma indústria forte e inovadora. “Uma indústria sólida, com condições econômicas para isso, garante avanços sociais. A Alemanha e o Canadá são alguns exemplos. Matar a indústria é matar nosso projeto de desenvolvimento econômico com justiça social”, afirmou.

O presidente da Contac destacou a importância da CUT ter criado o Macrossetor em 2012. “É uma das principais ferramentas da Central para debater a indústria. A CUT colocou junto categorias que não se comunicavam, mas que são interligadas. Juntos somos mais fortes”, disse.

Luiz Queiroz afirmou que a solidariedade de classe é a principal ferramenta para a luta dos trabalhadores. “O Macrossetor é um canal para que os trabalhadores das cinco categorias se expressem da melhor maneira, por meio de ações articuladas. Debatemos estratégias conjuntas de atuação e temos um plano comum para que nossa luta seja única”, contou.

A presidenta da CNQ falou sobre o fortalecimento do trabalho do MSI em diversas regiões, a partir de ações integradas das categorias. “Precisamos organizar a trabalhadora e o trabalhador para que troquem experiências e fortaleçam suas lutas”, considerou. “Além disso, a política do Macrossetor é primordial para que a mulher desenvolva as habilidades profissionais com dignidade e humanidade”, completou.

Paulo Cayres encerrou a mesa destacando os encontros regionais realizados desde a criação do Macrossetor. “O MSI nasceu com objetivo de unir as cinco categorias. Queremos uma indústria nacional e por isso realizados encontros regionais para a troca de experiências. A unidade tem que se dar em todos os níveis. Por isso, o MSI também tem de chegar nas bases”, finalizou.

O economista André Cardoso, técnico da Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da CNM/CUT, também fez uma breve apresentação do perfil dos trabalhadores do MSI.

Balanço

Ao final do painel, o secretário geral da CNM/CUT, João Cayres, apresentou um breve balanço das ações desenvolvidas pela direção da Confederação nos últimos quatro anos, destacando que os três eixos estratégicos definidos no último Congresso – Contrato Coletivo Nacional de Trabalho, Organização Sindical e Políticas Gerais e Permanentes – foram executados e levaram a entidade a um novo patamar de importância no movimento sindical brasileiro e internacional.

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