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Combate à corrupção não pode custar emprego do trabalhador

Afirmação foi feita durante debate sobre combate à corrupção e consequências econômicas da Lava Jato

Imprensa SMetal
Edu Guimarães/SMABC

Debate foi realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo

O combate à corrupção não pode custar o emprego ao trabalhador. Esta foi uma das conclusões do debate realizado na manhã desta quinta-feira (14/04) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre as consequências econômicas da Operação Lava Jato. O debate contou com as participações do professor de Direito Econômico da USP, Gilberto Bercovici, do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e do jornalista Luiz Nassif.

Na análise de Gilberto Bercovici, os pequenos empresários que atendem às grandes empresas também são prejudicados, o que paralisa diversos setores em efeito cascata, devido a articulações políticas e não jurídicas que não protegem os projetos que movimentam a economia brasileira.

“Quem cometeu crimes deve ser punido criminalmente pela legislação penal. A melhor saída seria que as empresas pudessem retirar esses maus gestores e a Justiça permitisse que as empresas continuassem atuando por meio de acordo de leniência, pelo qual podem ressarcir a União por eventuais prejuízos”, afirmou.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, uma das principais preocupações está no setor da construção civil, que apresentou queda de 20% desde setembro de 2014 na massa de trabalhadores no País.

“A paralisia das obras, dos projetos de infraestrutura e o impedimento das empresas em realizar obras públicas ou participar de licitações comprometeu o trabalhador diretamente, porque o empresário que cometeu a corrupção fez um acordo de delação premiada e responde em liberdade, por isso enfatizamos que o combate à corrupção não pode custar o emprego do trabalhador”, disse.

PRIVATIZAR É LOUCURA
Entre as intenções dos movimentos de oposição ao governo está a privatização das empresas públicas, como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES.

O especialista em direito econômico Gilberto Bercovici aponta que os patrimônios da população brasileira estão ameaçados por interesses próprios dos articuladores. “Não há razão para vender a Petrobras. Os balanços da empresa não consideram os ativos das reservas de petróleo, o que torna a dívida muito menor do que está sendo divulgada. É uma estatal que desenvolveu tecnologia própria, gera milhares de empregos, garante o abastecimento e a segurança energética do Brasil. Que país do mundo privatizaria? Nenhum. Privatizar é loucura e demonstra o desejo de destruir o Brasil”, avaliou .

O jornalista Luis Nassif realizou críticas à cobertura jornalística da grande mídia durante os desdobramentos da Operação Lava Jato com intenções políticas e econômicas. “A imprensa deu poder à Lava Jato e só reproduz os dados, não se faz jornalismo, não há questionamento, não buscam informações adicionais. A parceria política cria blindagem para a oposição e acabam sendo seletivos nos apontamentos de atos corruptos”, disse.

MEDIDAS IMEDIATAS
Bercovici apontou que a solução da crise política possibilitará condições para rearticular a economia do País. “Temos que superar o impeachment e a tentativa de golpe sem fundamento jurídico para colocar a economia no lugar. Se o governo conseguir tomar as medidas corretas, o País consegue iniciar uma retomada no início do segundo semestre”, afirmou.

Com o objetivo de ampliar as discussões e o conhecimento deste debate contra o golpe, o Sindicato dos Metalúrgicos tem realizado assembleias nas fábricas da Região para estabelecer compromisso com os trabalhadores da categoria em lutar e resistir contra ameaças de retrocesso. “Esse debate tem que chegar ao chão de fábrica, com os dirigentes repercutindo e esclarecendo o que está em curso na política do País”, disse Marques.

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