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Editorial

Chico Gomes: coerência entre ideal e luta

Confira o editorial que homenageia um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional (ALN) e líder sindical, Chico Gomes, que lutou por justiça social no pior momento do país (1964-1985)

Imprensa SMetal
Arte: Lucas Delgado/Arquivo SMetal

Um lutador do povo não se curva ao individualismo, ao preconceito e não se cansa da batalha contra a exploração do trabalhador, independente do momento histórico.

Uma referência de persistência e coerência contra a opressão da classe trabalhadora é Francisco Gomes, líder sindical, que trabalhou na Estrada de Ferro Sorocabana e defendeu seus ideais nos anos mais difíceis enfrentados pelo povo brasileiro (1964-1985).

Ele liderou grandes greves em São Paulo por melhores condições de trabalho e por mais dignidade enfrentando toda a repressão do Estado. Sofreu processos políticos em tentativas de coibir sua atuação por justiça social.

Para essa luta ele integrou uma organização nacional, liderada por Carlos Marighella, a Ação Libertadora Nacional (ALN). Para fazer resistência à ditadura, havia mais de 40 organizações de trabalhadores, estudantes e profissionais liberais. Só a união do povo é capaz de fazer frente ao conservadorismo, ao retrocesso.

Devido à força militar e o apoio dos Estados Unidos ao golpe no Brasil, em 64, os anos de chumbo, representados pela repressão a qualquer movimento, pela censura imposta à categoria artística e a total falta de participação popular sobre os rumos do país demoraram para terminar. A sinalização para a abertura democrática se deu em 1985.

Mas nesse período centenas de lutadores foram mortos, milhares foram torturados. Alguns conseguiram escapar, via exílio. Foi o caso de Chico que conseguiu se salvar, passando por Panamá, Chile e Cuba, de 1972 a 1979. Chico retornou ao Brasil no ano da Lei da Anistia. E continuou sua luta pela soberania do País.

Ele esteve presente nos movimentos pela redemocratização, nas Diretas e na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), em Sorocaba.

Quando nos vemos diante de um governo ferino e golpista como o de Michel Temer (PMDB) precisamos unir forças e lembrarmos da persistência desses guerreiros e guerreiras que suaram e sangraram para desfrutarmos dos direitos sociais e trabalhistas, num sistema democrático.

Chico morreu no domingo, 3, mas sua trajetória será sempre lembrada e homenageada como exemplo de que é possível lutar por um mundo mais humano e justo sem cair nas garras do autoritarismo, da soberba individualista.

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