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Economia

Banco Central é criticado por manter taxa de juros Selic em 13,75%

Presidente do SMetal, Leandro Soares, afirma que a decisão do BC coloca a indústria local em risco; CNI também considerou a manutenção dos juros no atual patamar um equívoco

Imprensa SMetal
Marcello Casal Jr./Imprensa SMetal
Decisão do BC foi anunciada nesta quarta e foi amplamente criticada

Decisão do BC foi anunciada nesta quarta e foi amplamente criticada

Divulgada na noite desta quarta-feira, 22, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), em manter a taxa Selic em 13,75% ao ano é alvo de críticas (veja a nota na íntegra).

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, havia margem para redução da taxa Selic. “Depois de muitos meses em alta, a inflação está em queda e tende a continuar diminuindo, o que abria margem para redução dos juros. Com juros mais baixos, as pessoas e empresas tendem a consumir e investir mais e, com isso, movimentar a economia, gerando mais empregos e renda”.

Leandro destaca que a decisão do BC é preocupante e pode trazer graves consequências para a economia. “Juros altos afastam os investidores – seja nacional ou internacional – que não estão dispostos a correr riscos investindo no setor produtivo. Tudo faz com a economia do Brasil caminhe ladeira abaixo e o resultado é sempre o mesmo: desemprego, miséria e fome”.

O sindicalista também alerta que a indústria local pode sofrer impactos. Ele cita como exemplo que diversas montadoras colocaram os trabalhadores em férias coletivas por conta da alta nos juros. “A taxa Selic impacta diretamente no crédito para compra de automóveis, uma vez que 75% das vendas dependem de financiamento. Isso gera uma reação em cadeia, afeta inúmeras outras empresas que fornecem para as montadoras. Não podemos descartar que essa situação se repita em Sorocaba e região”.

Em nota divulgada na noite de quarta-feira, 22, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a “decisão do Copom é equivocada”. A entidade afirmou que “a manutenção da taxa de juros é, neste momento, desnecessária para o combate à inflação e apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”.

Para a CNI, a alta da Selic “foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no final de 2022, com destaque para a retração de 0,2% no PIB do último trimestre. E seguirá sendo um limitador significativo para o crescimento da atividade em 2023”.

Risco de desemprego

O economista Fernando Lima, da subseção do Dieese do SMetal, também aponta que a decisão do Copom é ruim para a economia. “Independentemente da magnitude da queda da taxa Selic, os membros do Copom perderam a chance de contribuir para a recuperação da atividade econômica brasileira. Assim como o corpo humano, quando um médico erra na dose do remédio, isso pode levar à morte. O BC hoje errou na dose e essa dose é de um remédio amargo, que pode contribuir ainda mais para desaquecer a economia e aumentar o desemprego”.

A alta na taxa Selic se mantém desde agosto do ano passado, quando o Copom elevou os juros de 13,25% para o percentual confirmado nesta quarta-feira. O Brasil tem a maior taxa real do mundo: são 5,75% de inflação para os 13,75% da Selic, o que representa 8% de juros reais.

O que diz o Copom

Os membros do Copom usaram como justificativa para manutenção da Selic no atual patamar a “deterioração do ambiente internacional”, especialmente pelos problemas com os bancos nos Estados Unidos e na Europa, além da inflação em alta na maioria dos países.

Considerando o cenário brasileiro, o BC aponta para desaceleração da atividade econômica, com a inflação ainda acima do teto da meta, e incertezas com relação às medidas econômicas que devem ser anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na volta da viagem à China.

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