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Palavra do Coletivo de Mulheres

Até quando precisaremos cobrar o mínimo?

Em artigo publicado na Folha Metalúrgica nº 1031, o Coletivo de Mulheres do SMetal fala sobre os desafios que as metalúrgicas enfrentam e a importância da sindicalização

Coletivo de Mulheres do SMetal
Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal

O Coletivo de Mulheres do SMetal é composto por Priscila dos Passos, Nazaré da Silva, Lindalva Martins e Cleide Bueno.

Tempo para ir ao banheiro durante o expediente de trabalho, uniformes e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que nos sirvam adequadamente, ter um salário igual aos que recebem os companheiros e poder opinar sobre nossas vivências. Essas, e outras pautas básicas, são cobranças constantes por parte das metalúrgicas no chão de fábrica.

Em março, mês em que as empresas presenteiam suas trabalhadoras com bombons e flores, o Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) vem reforçar a necessidade de ainda dialogarmos sobre o básico. O questionamento que fica é: até quando precisaremos cobrar o mínimo?

As empresas se orgulham de selos de diversidade, se mobilizam em torno de reconhecimento quanto a sua atuação inclusiva, mas na prática sabemos que nem sempre os certificados refletem a realidade vivida pelas companheiras dentro das fábricas.

Este Sindicato recebe denúncias das mais variadas quando o assunto é a vivência das trabalhadoras. Desde perseguições às mulheres que se associam ao Sindicato para fortalecer a luta por direitos, até mesmo formas de vigilância – dentro das fábricas – do tempo em que passamos no banheiro. Para todos os efeitos, é importante reforçar que atuamos arduamente para que essas microviolências deixem de existir no ambiente de trabalho.

Por isso, a trabalhadora participar da estrutura sindical e comunicar sobre esses acontecimentos é de suma importância. Desta forma o Coletivo, juntamente com a direção da entidade, pode tomar as medidas necessárias para acabar com essas práticas – que inclusive – tem caráter antisindical.

Relembramos, sobretudo, que se sindicalizar é um direito humano. Bem como direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, estar sindicalizado também aparece como um dos 30 artigos que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses”, dispõe o quarto item presente no artigo 23 do documento.

É preciso que as empresas, para além de divulgar que existe apoio à diversidade e investir em programas de ESG e afins, comecem uma reeducação dentro dos espaços de poder nas fábricas. Aqueles que tomam as decisões não podem estar enviesados com práticas antisindicais e machistas.

Para que possamos dar nossas opiniões, sermos livres e verdadeiramente escutadas, é necessário que tenhamos a segurança de poder falar. Certa vez, em uma entrevista, a cantora Nina Simone afirmou a seguinte frase: “Liberdade é não ter medo”. Para o Coletivo de Mulheres do SMetal isso permanece mais atual do que nunca.

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