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SP sem água

Alckmin estuda aumento na conta de água para cobrir rombo na Sabesp

Reajuste da tarifa ajudaria Sabesp a recuperar prejuízo com bônus de economia de água

ABCD Maior
Divulgação

Crise do Sistema Cantareira continua se agravando e nesta quarta-feira o nível das represas estava em 3,2%

Depois de conceder bônus para quem economizasse água na Grande São Paulo, a administração de Geraldo Alckmin (PSDB) quer o dinheiro de volta. Pelo que indicam os estudos de conselheiros da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), mais de R$ 1,3 bilhão de déficit gerado pelos descontos devem retornar aos cofres da empresa com aumento na tarifa de água. Ou seja, novamente o consumidor terá de arcar com as consequências da má gestão da água promovida pelo tucano.

Alberto Goldman (PSDB), ex-governador e integrante do conselho administrativo da Sabesp, disse na semana passada, ao jornal Folha de S.Paulo, que pretende reajustar a tarifa 2% acima da inflação (que gira em 6,75% nos últimos 12 meses).

Ainda de acordo com a entrevista de Goldman, outra hipótese seria agregada ao aumento: empréstimo no Exterior. “Deve ser uma operação casada: aumento e empréstimo”, disse o conselheiro à Folha. Se aprovado, o aumento passa a valer no próximo mês. A ação foi acordada com o secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce.

Fora da legalidade

A manobra planejada pelo governo tucano, no entanto, não está dentro da legalidade. Ainda mais: qualquer alteração tarifária deve ser passada pela avaliação da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia). Este ano, a agência já deliberou sobre o reajuste anual das tarifas. A correção ficou em 5,4408%, porém, Alckmin ordenou a suspensão temporária do aumento. O motivo são os problemas gerados pela crise hídrica.

A Revisão Tarifária da Sabesp aconteceu em 10 de abril e, de acordo com a Arsesp, os próximos reajustes anuais deverão ocorrer em 11 de abril de 2015 e em 11 de abril de 2016.

Mesmo assim, na terça-feira (21/10) a Sabesp anunciou novas faixas de desconto para quem conseguir economizar água. Desde fevereiro, quem reduz seu consumo em 20% ou mais recebe um desconto de 30% na fatura. Pela proposta aprovada, o imóvel que tiver redução de 10% a 15% no consumo terá economia adicional de 10%; já quem baixar o gasto de água entre 15% e 20% terá redução na conta de 20%. O cálculo é feito em relação à média de consumo dos 12 meses que vão de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.

Prejuízo é da empresa – Para Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a proposta da administração de Alckmin “não se justifica”. “O bônus é prejuízo da empresa, não é responsabilidade do consumidor”, disse Oliveira.

O gerente técnico do Idec ressalta que a Sabesp não é operada como qualquer outra empresa. A companhia é gerida de forma mista pelo governo do Estado, que detém mais de 51% das ações, e outros acionistas. “A Sabesp não pode manipular o preço de um serviço essencial e regulado”, acrescentou. “A última pessoa a ser prejudicada por conta da gestão da empresa é o consumidor”, pontuou Oliveira.

Ninguém fala

Tanto a Sabesp quanto a Secretaria de Recursos Hídricos não comentaram o aumento de tarifa de água. A Sabesp inclusive informou que possivelmente o Palácio dos Bandeirantes deveria se manifestar, o que foi desmentido pela assessoria do governo.

Cantareira beira a seca total e Rio Grande chega a 71%
Mesmo com os últimos dias de chuva e tempo úmido, o Sistema Cantareira se aproxima da morte completa. Nesta quarta-feira (22/10), o reservatório estava com 3,2% de sua capacidade, mesmo com a utilização da primeira parte do volume morto.

A utilização da segunda parte do volume morto já foi autorizada. Enquanto isso, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anuncia em palanques na Grande São Paulo que pretende usar um terceiro volume morto.

O Sistema Alto do Tietê segue o mesmo caminho do Cantareira, reservando pouco mais de 8% do volume total. Já o Rio Grande, braço da represa Billings, chega aos 71,5% de seu volume. Isso significa que em apenas um mês o manancial perdeu 6,1 pontos percentuais do volume. No ano passado, também em outubro, o Rio Grande operava com 96% da capacidade.

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