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Perfil do diretor

Adequar-se à realidade imposta é uma necessidade diária, defende Tiago

Empossado para o novo mandato, o secretário de finanças Tiago Almeida do Nascimento fala sobre os desafios da entidade e os planos de um modelo sindical para o atual momento político e social

Imprensa SMetal
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Além da vivência, Tiago soma ao seu trabalho uma visão bastante ampla e crítica da realidade social e econômica

Além da vivência, Tiago soma ao seu trabalho uma visão bastante ampla e crítica da realidade social e econômica

Do trabalho e da luta desde muito jovem, não é por acaso que Tiago Almeida do Nascimento é, hoje, uma das principais lideranças da nova geração de diretores do SMetal. Além da vivência, soma ao seu trabalho uma visão bastante ampla e crítica da realidade social e econômica tanto micro quanto macro, para pontuar os reflexos sentidos nas mais diversas camadas da sociedade, sobretudo os impactos na vida dos trabalhadores e trabalhadoras.

No seu quinto mandato na direção do SMetal, acumulando também a 2ª. vice-presidência da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e a presidência do Banco de Alimentos de Sorocaba, Tiago, que também é pai de um casal, fala sobre as ações do Sindicato para garantir emprego, saúde e outros direitos à categoria em meio às reformas trabalhista e tributária e a pandemia. Na conversa ainda reforça a necessidade da entidade sempre se reestruturar para estar adaptada às realidades tanto políticas quanto econômicas que refletem em um novo perfil da própria categoria.

Imprensa SMetal: Em 2017, quando esta diretoria assumiu o SMetal, o País entrava em um momento bastante crítico quanto a retirada de direitos do trabalhador, perda de postos de trabalho e outras medidas que impactaram economicamente e socialmente a categoria metalúrgica. Não bastasse, em 2020, o mundo precisou a aprender a conviver com uma pandemia, cujo reflexo deverá ser sentido ainda a longo prazo. Observando esse cenário, qual leitura faz das ações do SMetal nesses anos? Quais as principais lutas e conquistas do Sindicato nesses últimos quatro anos e quanto toda essa realidade refletiu em mudanças e ou adaptações do SMetal para atravessar esse período crítico?

Tiago: Nos últimos quatro anos, o país passou por verdadeiros tsunamis políticos. No dia da posse dessa diretoria, estávamos em um ato em Brasília, lutando contra as reformas do governo golpista de Temer, aliado ao centrão. Neste dia fomos recepcionados com violência policial das mais diversas ações. Bala de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio entre outros, foram nosso comitê de boas-vindas. Desde então a luta só se agravou, pois mesmo com a luta sindical, a Reforma Trabalhista foi aprovada e, infelizmente, com o apoio da classe trabalhadora.

Para a minha decepção, ainda presenciei parte da categoria apoiando um projeto de destruição da classe trabalhadora ao votarem no Bolsonaro.

Levamos uma surra na Reforma da Previdência, onde o governo recém eleito aproveitou de sua popularidade e aprovou, junto com o congresso entreguista, a reforma que deformou a Previdência e prejudicou milhares de trabalhadores e trabalhadoras Brasil afora. Porém, nada nos antecipava o que viria a ser a Covid-19, essa doença que matou milhares no país e milhões em todo o mundo.

A Covid não foi combatida adequadamente pelo governo; pelo contrário, ele (governo) tratou com displicência e o resultado é esse caos no País. Entretanto, o SMetal Sorocaba, ao meu ver, se superou e, logo no início da pandemia em Sorocaba, realizamos dezenas de acordos que salvaram empregos e vidas, pois mantiveram milhares de trabalhadores em casa, com renda e garantia do emprego. Portanto Superação é a palavra que resume bem a nossa atuação nessa montanha russa que virou o Brasil.

Imprensa SMetal: Tivemos um resultado bastante significativo nas urnas nessa eleição sindical, você acredita que isso reflete a confiança da categoria no Sindicato? As ações desses últimos anos, principalmente na questão da garantia de direitos ao emprego e a manutenção da saúde do trabalhador pode ter sido fundamental nesse resultado? Como você lê essa resposta das urnas?

Tiago: As urnas mostraram que nossas ações foram assertivas. A posição política de momento da categoria, quando ajudaram a eleger Bolsonaro ou, de forma equivocada não aderiram massivamente aos protestos contra as reformas, evidenciaram um momento de instabilidade da classe trabalhadora e do País. Entretanto, o SMetal em nenhum momento deixou de estar a frente e defender os direitos da categoria, e de lutar por dignidade da classe trabalhadora. Isso foi plenamente reconhecido pela categoria e refletiu no resultado dessa eleição.

Imprensa SMetal: O perfil da categoria mudou nos últimos anos. Mais jovens, maior escolaridade e, cada vez mais a presença de mulheres. Como o SMetal vem trabalhando essa transformação e de que modo se prepara para vivenciá-las nessa próxima gestão?

Tiago: O Smetal desde 2005 vem trabalhando essa mudança do perfil da categoria. A criação dos CSE’s possibilitou uma maior representação dentro das empresas. Em 2008, a entidade organizou, através de seus dirigentes, coletivos de políticas setoriais como Mulheres, Igualdade Racial e Juventude. As pautas setoriais estão diretamente ligadas a luta de classe, seja como pauta do segmento, seja como pauta transversal nas lutas diárias da categoria.

Para essa nova gestão, o desafio ainda é maior, pois irão assumir debates em meio a uma conjuntura adversa, de retrocesso das pautas sociais e de uma polarização irracional na sociedade que, em parte, se assumiu racista, sexista, intolerante, misógina entre outros.

Imprensa SMetal: Dentre as propostas da Chapa 1, constam ampliações e melhorias nas estruturas do SMetal (Sede, Clube de Campo, Colônia de Férias), além de modernização e adaptações no atendimento. Poderia especificar quais são e a necessidade dessas mudanças e/ou adaptações?

Tiago: Mudar é sempre bem-vindo, mas adequar-se à realidade imposta é uma necessidade diária! O modelo sindical dos anos 1990 foi suplantado pelos anos 2000 e, que agora, exige uma reorganização, seja de ordem política ou estrutural.

A Colônia de Férias, por estar à mercê da maresia da cidade de Ilha Comprida, carece de manutenção constante. Porém, mais que manutenção, foi feito uma ampla reforma, novas adequações seguindo novos protocolos sanitários e do Corpo de Bombeiros. Tão logo essa fase difícil da pandemia passe, apresentaremos um novo programa de gestão para a categoria.

O Clube de Campo precisava se adequar às novas necessidades apresentadas nos últimos anos. Da mesma forma, mais que uma reforma em ambientes, estamos trazendo inovações para os associados e seus familiares. Piscina aquecida no inverno, uso noturno de espaços como piscina, quadra, ginásio e outros espaços.

Também teremos um nova quadra de grama sintética, certificada pela FIFA, ampliação da escolinha de futebol, novas modalidades esportivas, e uma nova forma de administração, voltada para o conforto e melhor atendimento às pessoas.

Imprensa SMetal: O SMetal conta com outros “braços” como o Banco de Alimentos, o CEADEC, além de parcerias com instituições que dialogam com as diretrizes do Estatuto da entidade. Essa estrutura alicerça os paradigmas de “Sindicato Cidadão”. Nesse momento em que estamos sob à vigência de um Governo irresponsavelmente negacionista, visivelmente despreparado e empenhado em governar para grupos minoritários do seu já conhecido interesse, em detrimento das necessidades da nação como um todo, qual a importância de fortalecer ainda mais essas ramificações e de que modo o Sindicato trabalhará com elas nessa próxima gestão?

Tiago: O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba atua muito além do cotidiano das disputas capital e trabalho. Com a participação na criação das entidades sociais, participa ativamente da construção de um mundo melhor.

Sem politicas públicas que possam, de fato, melhorar a vida das pessoas, o trabalho dessas entidades beira ao esgotamento físico e psicológico, tamanha a demanda exigida no momento. Entretanto, mantemos vivos os ideais que permeiam esse Sindicato e os anseios da nossa categoria.

A luta por segurança alimentar que não nos faz descansar diante a crueldade da fome; a luta por geração de renda através de cooperativas, dando dignidade a famílias que, por causa do desemprego vivem a beira da miséria; o auxilio técnico à agricultura familiar, garantindo não somente a produção de alimentos para a cidade, mas também a dignidade ao campo; entre outras tantas frentes de ação que o SMetal vem atuando nos últimos anos e que só irá se intensificar com essa nova gestão.

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