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Cem dias, sem nada! A continuidade de um governo de omissões

"Cem dias, sem nada! A continuidade de um governo de omissões" é o nome do artigo do PT municipal sobre a avaliação dos cem primeiros dias do governo Pannunzio em Sorocaba

José Carlos Triniti Fernandes (Presidente municipal do PT Sorocaba)

Cem dias após Antônio Carlos Pannunzio (PSDB) assumir a Prefeitura de Sorocaba, a população ainda não pode encontrar qualquer vestígio do cumprimento das promessas eleitorais feitas aos sorocabanos. Pior, mazelas antigas da cidade voltaram à tona, mendicância nos cruzamentos, mato alto nas calçadas e nas áreas públicas. As ciclovias, “meninas dos olhos” do ex-prefeito Vitor Lippi estão esquecidas, danificadas pela ação do tempo e pelo descaso da atual administração municipal.

Problemas ainda mais sérios fazem o atual prefeito “perder a voz”, desaparecer das rádios e evitar dar explicações à população: caos no setor de esporte (o secretário nomeado por Pannunzio chegou a dizer que não herdou uma secretaria, mas uma quitanda “de tanto pepino e abacaxi que tinha”); e caos na educação, com falta de vagas em escolas e creches, além da falta de funcionários nas escolas e salas de aula improvisadas.

No entanto, o caos na Saúde, herança dos dezesseis anos de governo do médico Vitor Lippi (oito como secretário de Saúde e oito como prefeito) é um capítulo à parte: o Ônibus da Mulher, o Ônibus do Homem, o Ônibus Oftalmológico e a Policlínica Móvel não estão circulando por diversos problemas. A Secretaria de Saúde admite estar sofrendo com a falta de estrutura e gerenciando de falhas da administração passada.

Desde 2010, quando o ex-prefeito fez o anúncio da implantação do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) em Sorocaba, para 2011, os sorocabanos esperam pelo atendimento. No entanto, parece que isso ainda vai demorar a acontecer, pois o prédio construído na gestão Lippi terá de ser derrubado e reconstruído, reflexo do seu trabalho mau feito. A rede Luci Montoro e a Vila Dignidade permanecem no imaginário tucano, sem previsão de se tornarem realidade.

Já o precário atendimento no Pronto Socorro da Santa Casa segue sem intervenção governamental, e se soma a mais um atentado contra a vontade do cidadão: o veto de Pannunzio ao projeto de lei de iniciativa popular que previa a construção de um Hospital Municipal em Sorocaba.

O apelo da proposta, encabeçada pelo movimento sindical e PT, mas de origem genuinamente popular é tanto, que apenas entre março de 2012 e 15 de maio do mesmo ano, foram coletadas 26.584 assinaturas, viabilizando o projeto de lei, sancionado pela Câmara de Vereadores, e publicado pelo Jornal do Município no dia 5 de abril deste ano.

Poucas horas após tomar conhecimento da sanção, Pannunzio determinou à secretaria de Negócios Jurídicos que recorra à Justiça contra a lei que poderá beneficiar os sorocabanos, a maioria seus eleitores. Desde que assumiu a Prefeitura, Pannunzio vetou dezenas de outros projetos de grande importância para o município, todos originários no Legislativo. Será que o prefeito não admite creditar uma boa ideia a outrem que não a ele mesmo, quer seja a uma massa de cidadãos ou a um vereador?

As raríssimas ações do governo de Pannunzio foram anunciadas graças às verbas do Governo Federal, assim como R$ 1,8 milhão destinado a investimentos que incluem ampliação da coleta seletiva, reformas em museus e prédios históricos da administração pública, além de recursos da Caixa para construção de moradias, com participação do Governo do Estado, e ainda recursos vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para investimentos em transportes, saneamento básico e pavimentação.

É tamanha a inoperância do Executivo municipal, que a Câmara de Vereadores abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as responsabilidades sobre as paralisações e os atrasos nas obras iniciadas no governo Lippi. Cerca de 45 obras foram iniciadas no ano das eleições e que agora, sem explicação, estão paradas.

Trata-se de incompetência ou falência moral? Em se tratando das denúncias de nepotismo cruzado entre os governos de Pannunzio e Erinaldo Alves da Silva (PSDB-Votorantim), apurado pelo Ministério Público, a resposta é de uma clareza absoluta.

O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) está inoperante. O BRT, chavão da campanha de Pannunzio, que seria implantado os mais rápido possível, assim que assumisse a Prefeitura, ficou para 2016. E o projeto viário Sorocaba Total continua inacabado, dada a incompetência matemática da gestão anterior, que “calculou errado os custos das obras, esquecendo” as alterações cambiais. O resultado foi uma “mordida” de R$ 8 milhões nos cofres da Saúde e da Comunicação. Verba que não chegou nem perto do suficiente para terminar mais esta obra marqueteira e faraônica do antecessor de Pannunzio.

O ex-prefeito, aliás, devolveu aos cofres federais muito dinheiro que poderia ter usado em prol da população. Verba para área do esporte, educação e saúde. Um absurdo, mas dar crédito a um governo petista era crime maior para ele, do que deixar o cidadão sem atendimento. Programas federais importantes como o Brasil Sorridente, Farmácia Popular, Olhar Brasil e outros, foram descartados por Lippi, impondo aos mais carentes a continuidade do sofrimento.

A cidade de Sorocaba há anos está de joelhos diante do Governo do Estado, caminhando na rabeira de cidades que conseguiram número maior de benefícios, por não terem medo de cobrar e de agir.

Exemplo disso foram os oito anos para o Governo Estadual construir o Poupa Tempo em Sorocaba, que só se tornou realidade depois de pesadas cobranças, especialmente do Partido dos Trabalhadores, que chegou a pressionar o governo tucano com uma festa de aniversário simbólica no terreno destinado ao prédio, que permaneceu abandonado por anos, coberto por mato e lixo.

Cadê a cobrança de Pannunzio sobre o governador Geraldo Alckmin para a duplicação da SP-264? Parece que a omissão é mesmo a diretriz do governo PSDB. Assim como Lippi, que chegou a dizer em uma rádio, que não se importava com o choro das famílias que perderam entes queridos em terríveis acidentes na rodovia, Pannunzio, em recente entrevista, deixou transparecer, que prefere não se envolver na questão. Assustadora a postura do atual prefeito, que traz uma bagagem de muitos mandatos como deputado federal.

O resumo dos CEM dias de Pannunzio à frente do Executivo municipal tem o seguinte aspecto: SEM saúde, SEM licitações; SEM obras; SEM contratos; SEM creches; SEM escolas; SEM intervenção na Santa Casa; SEM água em muitos bairros; SEM asfalto, pois estão se deteriorando SEM manutenção desde o período eleitoral; SEM reforma administrativa; SEM cumprir o cronograma inicial de promessas de campanha; SEM pulso e SEM gestão. Apenas promessas!

Agora quem não ficou SEM NADA foi o ex-prefeito Vitor Lippi, que “herdou” o Parque Tecnológico com salário de R$ 13 mil e o direito de usufruir do dinheiro público e do cargo para se manter na mídia até as eleições de 2014, quando sairá candidato a deputado federal, assim como já declarou no dia em que foi apresentado ao cargo pelo atual prefeito.

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