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Campanha Salarial

Assembleia aprova 8% de reajuste nas fundições e greve nos demais grupos

Paralisações serão realizadas por fábrica; sindicato também orienta Operação Tartaruga no ambiente de trabalho das empresas

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa Smetal
Assembleia que aprovou acordo nas fundições e greve pipoca nas demais empresas aconteceu das 9h30 às 11h deste domingo, no Sindicato

Assembleia que aprovou acordo nas fundições e greve pipoca nas demais empresas aconteceu das 9h30 às 11h deste domingo, no Sindicato

Centenas de metalúrgicos se reuniram na sede do sindicato da categoria, em plena manhã de domingo, dia 16, para definir os rumos da campanha salarial deste ano. O resultado foi a aprovação unânime da chamada “greve pipoca”, que deve estourar em várias fábricas do setor a partir de amanhã. “Não será uma greve geral, pois diversas empresas já têm acordos salariais ou estão tratando as negociações com seriedade. Mas a fábrica que tratou a campanha salarial com descaso até agora, vai parar a qualquer momento”, avisa o presidente do sindicato, Ademilson Terto da Silva.

“A greve pode acontecer em qualquer fábrica sem acordo, a qualquer dia ou hora e quem vai determinar sua duração serão os próprios trabalhadores. E vai ser assim até que os grupos patronais apresentem propostas sérias”, afirma o dirigente sindical.

A mesma assembleia que decretou a greve aprovou também o acordo que garante 8% de reajuste salarial no grupo das fundições. Esse índice é composto por 5,39% referentes ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos doze meses e mais 2,5% de aumento real. Não há teto salarial para aplicação desse reajuste. Portanto, todas as faixas salariais nas fundições terão direito a esse índice.

Toyota e outros acordos

Além das fundições, quem também está livre da “greve pipoca” em Sorocaba é a Toyota, pois as montadoras já garantiram, desde o ano passado, 8,04% de reajuste em 2012 para os trabalhadores.

As fundições empregam cerca de mil trabalhadores na região. A Toyota emprega outros 1.500. O acordo na Toyota não inclui as fornecedoras de peças da montadora, chamadas de sistemistas. A categoria na região é formada por 46 mil metalúrgicos.

Segundo o sindicato, as empresas de outros grupos que, antes da assembleia de hoje, já haviam garantido aumento salarial a partir de 8% não deverão sofrer paralisações. Há fábrica que além do reajuste ofereceram outros benefícios aos trabalhadores, como redução da jornada. “Não vamos firmar acordo agora com essas empresas, pois a negociação da campanha salarial, por definição, é coletiva e não por fábrica. Mas reconhecemos a boa vontade real dessas empresas”, afirma Terto.

FEM/CUT

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região é um dos 14 filiados à Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM), que coordena as negociações estaduais da categoria e representa 250 mil trabalhadores no estado.

No total, a FEM negocia com sete grupos patronais metalúrgicos: Montadoras, Grupo 2 (máquinas e eletroeletrônicos), Grupo 3 (autopeças, forjarias e parafusos), Grupo 8 (trefilação, laminação, condutores elétricos, entre outros), Grupo 10 (equipamentos odontológicos e indústria mecânica, entre outros), Fundições e Estamparias de Metais.

A data-base da categoria, indicada por lei para firmar a Convenção Coletiva anual, venceu no dia 1º de setembro. A pauta de reivindicações dos trabalhadores foi entregue aos grupos patronais no dia 29 de junho deste ano. Os comunicados de greve foram enviados pela FEM aos empresários há mais de dez dias, quando são necessários apenas dois dias para iniciar o movimento. Portanto, a categoria tem respaldo legal para realizar greves e paralisações.

Propostas rejeitadas

A assembleia dos metalúrgicos em Sorocaba rejeitou, por unanimidade, as propostas financeiras de cinco grupos patronais. O Grupo 3 ofereceu apenas os 5,39% da inflação como reajuste. O Grupo 2, menos ainda: quer pagar apenas 5%. O Grupo 8 propôs reajuste de 7% nas fábricas com até 50 trabalhadores e 7,5% nas fábricas com mais de 50 funcionários. O Grupo 10 oferece, até agora, 6,27% nas fábricas com até 30 funcionários e 6,99% com maior número de funcionários.

A FEM está cobrando propostas melhores desses grupos nos próximos dias, mas orienta os sindicatos filiados a realizarem o maior volume possível de mobilizações nas fábricas no estado para pressionar os empresários a serem mais ágeis nas negociações.

Operação Tartaruga

Além de se preparar para a “greve pipoca”, os cerca de 300 metalúrgicos que participaram da assembleia neste domingo vão ajudar a divulgar, nas fábricas, uma estratégia sindical conhecida como Operação Tartaruga. “Cada trabalhador sem acordo salarial deve reduzir ao máximo seu ritmo de produção, seu empenho na fábrica. O patrão tem que sentir no bolso o custo da enrolação que estão impondo pra nós”, afirma João de Moraes Farani, vice-presidente do sindicato em Sorocaba e secretário-geral da FEM/CUT.

“Os patrões estão praticando uma operação tartaruga contra nós há mais de dois meses, desde que protocolamos a pauta de reivindicações. Os empresários locais têm muita influência na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) e já poderiam ter resolvido a questão de forma coletiva, mas não o fizeram. Eles apoiam o desrespeito e a irresponsabilidade da Fiesp e dos grupos patronais subordinados a ela . Então, é greve e operação tartaruga neles!”, anuncia Farani.

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