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Dos picadeiros para os semáforos: artistas atraem olhares curiosos

Quem passa pelas avenidas Washington Luis e Barão de Tatuí e em outros pontos da cidade pode se deparar com uma espécie de stand up do circo apresentado por artistas de rua de vários lugares do mundo

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

Entre muitos artistas de rua o venezuelano Antonio Mendoza faz demonstrações de sua arte nos semáforos das cidades por onde passa

Se há alguns anos atrás era preciso ir ao circo para ver um número de malabarismo, hoje, basta parar em algum semáforo da cidade de Sorocaba para ter uma demonstração da arte.

Quem passa pelas avenidas Washington Luis e Barão de Tatuí e em outros pontos da cidade pode se deparar com uma espécie de stand up do circo apresentado por artistas de rua vindos de vários lugares do país e do mundo.

Num giro pela cidade durante o período da tarde a equipe do SMetal encontrou malabaristas do Paraná, de Angatuba e até da Venezuela, como é caso de Antonio Mendoza. Com seus pinos de boliche e uma bola de futebol uma esquete de circo é realizada em troca de centavos que colaboram com a alimentação, alojamento e gastos diários do artista.

Mendoza tem 35 anos e conta que já trabalhou profissionalmente em uma companhia de circo em sua terra natal e que há 12 anos trabalha nas ruas. Saiu da Venezuela em 2014 com um grupo de amigos e não voltou mais: “Meus amigos disseram: nós voltaremos, e eu disse: eu fico”. Depois dessa decisão conheceu muitas cidades do Brasil, passou por Manaus, Três Lagoas, Lins e mais diversas lugares até chegar a Sorocaba onde mora há um ano.

Não tão diferente de sua história, Alison Cesar da Silva de 18 anos, deixou a cidade de Ponta Grossa, no Paraná, onde vendia balas nos semáforos, e passando de cidade em cidade, aperfeiçoa a técnica de malabares com outros artistas que encontrou durante a jornada até chegar em Sorocaba.

Sem moradia estável, Alison mora com Alexandre Augusto Lopes, de Angatuba e também artista de rua, em lugares em que possam se abrigar da chuva, guardar seus pertences e dormir, para no dia seguinte voltar à rotina dos semáforos.

O dinheiro por ele arrecadado é usado para comer e comprar equipamento para o malabarismo “nosso dinheiro é para comprar o essencial, apenas isso”.

Quando questionado sobre a família e amigos que deixou no Paraná, ele disse que saiu em busca de independência financeira e de auto afirmação social, mas ele conta que conheceu muitas pessoas que optavam por esta forma de vida como fuga de problemas “às vezes, as pessoas saem da casa porque não dá certo com pai, com a família e vão em busca de paz”.

O destino desses artistas é incerto, o que eles carregam de certeza é o gosto por malabarismo, pela liberdade e por trocados que contribuem para a sobrevivência.

Apreensão de equipamentos

Os artistas de rua não reclamam de motoristas que os ignoram, mas se preocupam com possíveis intervenções da Guarda Municipal Civil, que pode aparecer e acabar confiscando os equipamentos, como já houve casos por eles relatados.

Os equipamentos, segundo Antônio Mendoza, artista venezuelano, custam de R$35 a R$100. Em Sorocaba uma lei municipal proíbe comércio e qualquer outra atividade nos semáforos (4.828/95), proíbe a prática de comércio, mendicância e pedágios nas ruas e cruzamentos da cidade.

Mendoza afirma que já passou pela situação de perda de equipamentos duas vezes e que agora quando a viatura é avistada os artistas recolhem seus equipamentos e saem do local o mais rápido possível. “A abordagem pode deixar os motoristas com medo de quem somos, pensando que somos criminosos.” conclui.

Dos picadeiros para os semáforos: artistas atraem olhares curiosos

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