No último dia 25, o presidente da Associação dos Agentes da Vigilância Sanitária de Sorocaba, Rogério Barbosa de Oliveira, afirmou, em oitiva da CPI da Dengue, que a Prefeitura não tem feito fiscalização de criadouros do Aedes aegypti nas fábricas e nas escolas da cidade. De acordo com ele, são justamente esses os locais de maior incidência de focos do mosquito. Questionado pela Imprensa SMetal durante uma semana, o governo municipal não se manifestou sobre a grave denúncia.
Segundo Rogério, a fiscalização não tem sido realizada devido à falta de pessoal no setor de vigilância sanitária. O depoente da CPI afirmou que apenas 79 agentes de vigilância sanitária estão atuando hoje nas ruas de Sorocaba para detecção e combate de focos de dengue. Somando o setor administrativo, 106 profissionais atuam na área. Ainda de acordo com Rogério, o contingente exigido pelo Ministério da Saúde, para uma cidade do tamanho de Sorocaba, vai de 235 a 260 agentes.
Também na semana passada, a imprensa SMetal publicou, na internet e no semanário Folha Metalúrgica, uma reportagem sobre como as fábricas estão administrando as faltas de funcionários doentes devido à dengue (clique para ler).
Perguntas sem resposta
Após o depoimento à CPI, no dia 26, a Imprensa SMetal enviou as seguintes perguntas para a Secretaria de Comunicação Municipal (Secom):
1. Ontem, na CPI da Dengue na Câmara, o presidente da Associação dos Agentes de Vigilância Sanitária, Rogério de Oliveira, afirmou que a prefeitura não está fazendo fiscalização nas indústrias e nas escolas devido à falta e pessoal. A Prefeitura confirma essa afirmação?
2. O agente também disse que as escolas e indústrias estão entre os principais focos de criadouros do mosquito da Dengue. Essa informação procede, segundo a prefeitura?
3. A prefeitura tem informação sobre quantos focos foram encontrados em fábricas em 2014? E este ano?
4. Durante a CPI foi dito também que o Ministério da Saúde recomenda 260 agentes da vigilância nas cidades do porte de Sorocaba, mas que o município só conta com 106 desses profissionais, incluindo os de funções burocráticas. O município realmente está com quadro de funcionários no setor abaixo do recomendado pelo ministério?”.
A Secom acusou o recebimento das perguntas no mesmo dia e respondeu dizendo que iria encaminhar as questões imediatamente para o setor de Vigilância em Saúde. Nos dias seguintes, o SMetal solicitou várias vezes à secretaria respostas aos questionamentos. Mas até o meio da tarde de hoje, dia 2, a Prefeitura não havia se manifestado.
“A denúncia foi muito séria para a Prefeitura ignorá-la dessa maneira. Depois, não adianta o prefeito querer jogar a culpa para outras instâncias de governo. Está nítido para nós que o problema é da gestão municipal da saúde em Sorocaba mesmo. Além de causar danos óbvios na saúde da população, a epidemia está prestes a se tornar também um problema econômico para a cidade”, afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
Mais de 32 mil casos
Sorocaba já soma 32.006 casos de dengue desde o início do ano. O novo balanço foi divulgado ontem, dia 1°, pela Prefeitura Municipal durante coletiva de imprensa. Mais uma morte por dengue foi registrada na última semana, aumentando para sete o número de óbitos. Outras quinze mortes suspeitas estão sendo analisadas.
Com base nos 637 mil habitantes da cidade, os 32 mil casos da doença representam 5% da população, ou, um habitante contaminado a cada 19,9 sorocabanos.
A nova estimativa de Sorocaba representa um aumento de 20,41% dos casos de dengue em sete dias. Até o balanço da quarta-feira passada haviam sido registrados 26.580 casos.