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Editorial

Palavra da Diretoria – Medidas que merecem repúdio

Não é segredo que os dirigentes sindicais ligados à CUT, incluindo os metalúrgicos da região de Sorocaba, apoiaram a reeleição da presidenta Dilma (PT). No entanto, esse apoio mantido não é irrestrito

Imprensa SMetal

Não é segredo que os dirigentes sindicais ligados à CUT, incluindo os metalúrgicos da região de Sorocaba, apoiaram a reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT).

No entanto, esse apoio, que ainda mantemos, não é irrestrito. Está assegurada, sempre, nossa autonomia para discordar e até protestar publicamente contra decisões que contrariem nossos princípios ideológicos em defesa da classe trabalhadora. Esse é o caso das Medidas Provisórias 664 e 665, impostas pela presidenta dia 30 de dezembro.

As MPs representam retrocessos a direitos trabalhistas e previdenciários conquistados arduamente pelos movimentos sindicais e sociais. O agravante é que a decisão governamental foi tomada repentinamente, sem debates com representes sociais.

A CUT e outras centrais sindicais divulgaram notas de repúdio contra as medidas. Mais do que isso, as lideranças têm procurado os parlamentares comprometidos com os trabalhadores (que não são muitos) para interceder junto ao governo. As centrais também têm marcado reuniões com ministros para reverter essa decisão decepcionante da presidenta, que ainda pode se recuperar desse grave deslize.

Nesta segunda-feira, dia 19, dirigentes da CUT e outras centrais sindicais se reuniram com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República (Miguel Rosseto), do Planejamento (Nelson Barbosa), da Previdência (Eduardo Gabas) e do Trabalho (Manoel Dias) para pedir ao governo a revogação das medidas provisórias.

O governo frustrou as expectativas das centrais ao se negar a revogar completamente as medidas. “Mas, ao menos, acenou com a possibilidade de mudanças no conteúdo (das MPs)”, segundo nota da CUT.

Para o dia 28 de janeiro, as centrais organizam um Dia Nacional de Lutas por Emprego e Direitos, que terá como tema central as MPs. A falta de correção acima da inflação na tabela do Imposto de Renda também deverá entrar na pauta. O plano é realizar manifestações em todo o país para forçar governo a rever as decisões tomadas.

Vagner Freitas, presidente da CUT nacional, afirmou que qualquer medida de retração econômica e redução de direitos dos trabalhadores, sob a justificativa de conter a inflação, é equivocada e a central não abrirá mão de combatê-la.

As MPs 664 e 665, já bastante divulgadas pela imprensa, representam retrocessos no acesso a direitos como o seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença.

O SMetal não se arrepende de ter apoiado a reeleição de Dilma, pois ela representava o compromisso de continuidade de uma evolução social e econômica iniciada pelo presidente Lula.

Mas agora estamos prontos para contrariar Dilma e, talvez assim, democraticamente, ajudar a presidenta a combater a infiltração da direita em seu governo, para reduzir as pressões de alianças partidárias fisiológicas (desprovidas de idealismo social) e para corrigir os rumos de um projeto de governo popular de trajetória admirável nos últimos 12 anos, mas que não começou nada bem em 2015.

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