Doença é contraída após picada do mosquito Aedes (mesmo transmissor da dengue)
O primeiro caso na região da febre chikungunya — uma doença semelhante à dengue, mas com sintomas que podem durar até um ano — foi confirmado em Araçoiaba da Serra. A Vigilância Epidemiológica do município divulgou ontem que o caso é importado, foi adquirido por um pastor evangélico que esteve em trabalho missionário no Haiti e voltou para a cidade no dia 24 de julho. A identificação do paciente não foi divulgada, no entanto, a Vigilância Sanitária informa que já promoveu o trabalho de bloqueio e a aplicação de inseticida nas residências próximas do paciente, nebulizando 379 imóveis. “A equipe da Vigilância já iniciou todas as ações de prevenção e controle recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde”, divulgou por meio da Prefeitura.
Os agentes de saúde do município se dirigiram à casa do paciente para colher dados e dar orientações. Ele continua em repouso e isolado em sua residência, com o estado de saúde estável. A notificação da suspeita da doença foi feita no dia 24 e segunda a Prefeitura, no dia seguinte foi iniciado o trabalho de bloqueio de riscos de transmissão, com o apoio da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen). “A equipe acompanhou os procedimentos e exames realizados por laboratório específico determinado pela Delegacia Regional de Saúde (DRS), os quais comprovaram a enfermidade”, divulgou a Prefeitura de Araçoiaba da Serra.
O chikungunya é um vírus que pode ser transmitido pelos mosquitos da família Aedes. Já é uma virose endêmica em países da África, Ásia, Ilhas do Pacífico e América (Anguilla, Antígua e Barbuda, Ilhas Virgens Britânicas, Dominica, República Dominicana, Guiana Francesa, Guadalupe, Guiana, Haiti, Martinica, Porto Rico, Saint Barthelemy, São Cristóvão e Nevis, Saint Martin, Saint Maarten, Santa Lúcia, Vicente e Granadinas). Como é transmitido pela picada de mosquitos do gênero Aedes, no Brasil, a preocupação é que o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, mosquitos transmissores da dengue e da febre amarela, respectivamente, possuam condições de espalhar esse novo vírus pelo País. Como se reproduzem em água parada, a prevenção de ser feita evitando o acúmulo de água. O mosquito só transmite a doença se estiver infectado.
A doença e seus sintomas
A chamada febre chikungunya é uma doença viral parecida com a dengue e transmitida por um mosquito comum no continente africano. Os sintomas iniciais são febre alta, de início repentino, dores intensas nas articulações de pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos, dores de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Os tornozelos, punho e articulações da mão tendem a ser mais afetadas, podendo atingir também as articulações maiores, como o joelho, ombro e a coluna.
Outros sinais e sintomas podem incluir cefaleia, dor difusa nas costas, mialgia, náusea, vômito, poliartrite, erupção cutânea e conjuntivite. O que pode contribuir na diferenciação com a dengue é o predomínio da dor articular sobre os outros sintomas, além do paciente definir claramente quais são as articulações afetadas. Diferentemente da dengue, uma parte dos indivíduos infectados pode desenvolver a forma crônica da doença, com a permanência dos sintomas, que podem durar entre seis meses e um ano.
Araçoiaba sem dengue
A Prefeitura de Araçoiaba da Serra destaca ser a única cidade da região sem casos de dengue contraído no município (autóctones) em 2014. Divulga que no primeiro semestre desse ano o Setor de Controle de Vetores de Araçoiaba atingiu todas as metas do Ministério da Saúde e já visitou 80% dos imóveis residenciais; todos os imóveis especiais como escolas e prontos-socorros e outros 100% de pontos estratégicos como cemitérios, borracharias e depósitos.
Doença preocupa Secretaria de Saúde
A febre chikungunya vem preocupando as autoridades de Saúde em Sorocaba desde o mês passado, conforme foi divulgado pela própria Prefeitura no mês passado. A Secretaria Municipal da Saúde de Sorocaba divulga que realizou ontem, em parceria com a Vigilância Epidemiológica da Regional de Sorocaba, o seminário “Chikungunya, um novo desafio”. O objetivo foi capacitar profissionais dos diversos serviços de saúde, como hospitais, Prontos-atendimentos, Unidades pré-hospitalares, Unidades Básicas de Saúde, Samu e outros, sejam eles do serviço público como do privado. A suspeita deverá ser definida através do quadro clínico e histórico de viagem aos países com transmissão da doença.
A capacitação visou alertar os profissionais para identificação rápida de casos importados para que as medidas de bloqueio sejam viabilizadas o mais rápido possível evitando, assim, a transmissão da doença, chamada de transmissão autóctone. Durante o encontro, foi abordado o quadro clínico, tratamento e a forma de notificação. A Vigilância Epidemiológica em Sorocaba também já emitiu alertas epidemiológicos a todos os serviços de saúde do município, além da capacitação dos profissionais. “Esse processo continuará nos serviços de saúde, através de atualizações e emissão de informes técnicos. Todos os serviços deverão difundir as informações passadas no seminário para suas equipes”, informou a Secretaria Municipal da Saúde. (L.N.)
